sexta-feira, 29 de abril de 2016

LANÇAMENTO


SERTÃO EM DESENCANTO 
I VOLUME DE MEMÓRIAS

Novo livro de Arievaldo Vianna resgata a história dos clãs Sousa-Mello, Martins Vianna, Barbosa-Severo, Fonseca-Lobo, Chagas, Paulino, Araújo, Maciel, Aderaldo, Lima, dentre outros. São 300 anos de história que se desenrolaram nos municípios de Sobral, Santa Quitéria, Quixeramobim, Canindé, Itatira, Madalena e Boa Viagem.

SERTÃO EM DESECANTO – I VOLUME DE MEMÓRIAS, o 31º livro do escritor Arievaldo Vianna, será lançado no próximo dia 07 de maio em Canindé-CE. Essa data marca o 75º aniversário de seu pai, Francisco Evaldo de Sousa Lima, que também completa este ano suas bodas de ouro com dona Hathane Viana Lima.
Este livro, a rigor, não é um livro de GENEALOGIA, porém um livro de história.  Não é a visão de quem esteve no centro da história, ou fazendo história, mas de quem participou discretamente ou a ouviu contar, num ambiente totalmente fora do eixo onde os acontecimentos se desenrolavam.
As vilas de QUIXERAMOBIM, CANINDÉ E SOBRAL, como qualquer outra, tinham os seus figurões, os seus mandantes, os seus caciques. No final do Século XVIII e primeira metade do Século XIX nossos antepassados eram mais atuantes e estiveram à frente de alguns acontecimentos importantes. Depois do fracasso da Confederação do Equador, os SOUZA-MELO, MARTINS-VIANA, SEVERO-BARBOSA preferiram o anonimato. Focaram suas ações na lida do campo, na agricultura e na pecuária, participando discretamente dos acontecimentos ao longo de quase 200 anos de história.
À exceção do PADRE MORORÓ, pelo lado SOUSA MELO e do ex-ministro ARMANDO FALCÃO pelo ramo BARBOSA-SEVERO, ao qual era filiado meu avô MANOEL BARBOSA LIMA, não tenho notícias de grandes voos de parente algum no campo da política.Tem sido sempre uma colaboração discreta, persistente e um olhar atento à história, desde os avós dos meus avós.

Famílias Sousa-Vianna e Severo (Aderaldo)

No campo da CULTURA, entretanto, a coisa muda de figura. Os LIVROS sempre estiveram presentes nesses lares sertanejos e o homem de letras sempre foi visto com entusiasmo pelos meus antepassados. Um José de Alencar, um Machado de Assis, um Humberto de Campos sempre gozaram de mais prestígio que qualquer figurão da política.  Aprendi com os antigos, sobretudo com a minha avó ALZIRA o respeito e o carinho pelos homens de letras e a devoção pelo universo da Literatura.
Daí que a proposta desse livro, SERTÃO EM DESENCANTO, é contar a saga dessas famílias ao longo dos últimos 300 anos, mesclando-a com acontecimentos históricos dos sertões de Sobral, Quixeramobim e Canindé, permeando-a com citações recorrentes à João Brígido, Barão de Studart, Manuel de Oliveira Paiva, Gustavo Barroso, D. Antônio de Almeida Lustosa, Martins Capistrano, Antônio Bezerra, Rodolfo Teófilo, Rachel de Queiróz e outros expoentes do mundo das letras que se ocuparam dessa região em seus escritos.



O lançamento contará com a presença dos artistas canindeenses JOTA BATISTA e HILDEBRANDO DO ACORDEÓN. Sintam-se convidados, desde já!


quarta-feira, 27 de abril de 2016

JOÃO MELCHÍADES FERREIRA NO CCBNB DE SOUSA



A apresentação da palestra "A GUERRA DE CANUDOS NA LITERATURA DE CORDEL" foi uma noite memorável, com público atento e interagindo em todos os momentos na biblioteca do Centro Cultural BNB de Sousa-PB. Vejam algumas fotos do evento:





Fatos marcantes da vida do poeta paraibano João Melchíades Ferreira da Silva, autor do primeiro folheto publicado sobre a GUERRA DE CANUDOS foram divulgados em ordem cronológica:

CRONOLOGIA

1869 – Nasce João Melchíades Ferreira da Silva, a 7 de setembro.
Na infância (década de 1870) frequenta uma escola mantida por seu avô materno, o beato Antônio Simão, seguidor do padre Ibiapina. O que liam os antigos poetas de cordel? Eis o que diz Márcia Abreu, numa tese intitulada “Pobres Leitores”:
Freqüentar escolas não parece ser requisito fundamental para o sucesso na vida de poeta. Entretanto, é necessário entrar em contato com alguns dos conteúdos da tradição letrada. A formação para cantador ou para autor de folhetos passa pela leitura de alguns livros, como a Bíblia, o Lunário Perpétuo, História de Carlos Magno, geografias e histórias do Brasil, alguns romances eruditos, além da indispensável leitura de folhetos de cordel. Diz Manuel Camilo: Eu já sabia ler quando comecei a cantar, graças a Deus. Mas achei pouco. Me preparei mais... A Geografia, as Ciências Físicas, a língua materna, a Bíblia. A Bíblia, então, é um livro que, Deus que me perdoe, não tem igual no mundo. Se todo brasileiro soubesse a Bíblia de cor, a gente nem precisava escrever...  
Seca de 1877 – 1879 – O menino João Melchíades é raptado da porta de sua casa por um grupo de Ciganos, que acompanha durante um certo período. A mãe (Dona Neném Melchíades) consegue tomá-lo de volta, tempos depois.
13 de abril de 1885 – Nasce José Camelo de Melo Resende. José Camelo chegou a cantar em dupla com João Melchíades na década de 1920, conforme atesta Antônio Ferreira da Cruz no folheto onde apresentou o necrológio do Cantor da Borborema.
1889 – O poeta paraibano Leandro Gomes de Barros começa a escrever e publicar seus folhetos. É considerado o pai da Literatura de Cordel.
1896 – 1897 – João Melchíades, integrante das Forças Armadas, é convocado para combater na Guerra de Canudos, onde quase perdeu a vida. Após a guerra, foi promovido a Sargento-Mor e recebeu elogios e condecorações de seus superiores.
1903 – João Melchíades é designado para combater na fronteira do Acre com a Bolívia, onde contraiu a febre “Béri-béri”, que quase o vitimou.
1904 – Segundo o pesquisador baiano José Calasans, foi neste ano que Melchíades resolveu publicar suas memórias em cordel sobre A guerra de Canudos.
1923 ou 24 – Sai a primeira edição impressa do folheto “O pavão misterioso”, assinada por João Melchíades Ferreira da Silva. Antes de Melchíades publicar a sua versão, já circulava um poema escrito anteriormente por José Camelo de Melo Resende, porém não havia sido publicado, pois o autor utilizava-o somente para cantá-la ao vivo, nas suas apresentações. Tal polêmica, entretanto, só veio à tona após a morte do Cantor da Borborema.
10/12/1933 – Morre o poeta João Melchíades. Conforme o poeta Antônio Ferreira da Cruz, que escreveu o seu necrológio, o que agravou seu estado de saúde foi a queda de um cavalo, ocorrida dias antes de sua morte.
Década de 1940 – Anos depois da morte do Cantor da Borborema, circula uma versão do folheto EVANGELISTA E CREUSA, HISTÓRIA DO PAVÃO MISTERIOSO, com 40 páginas, assinado por José Camelo de Melo Rezende, que começa com um protesto, onde Camelo acusa João Melchíades de plagiar a sua obra.

Por: ARIEVALDO VIANNA 
(Só reproduzir citando a fonte, com a devida autorização)

segunda-feira, 25 de abril de 2016

ABRIL PARA LEITURA



PALESTRA SOBRE A GUERRA DE CANUDOS

 NA LITERATURA DE CORDEL. 

A VISÃO DO EX-COMBATENTE JOÃO MELCHÍADES FERREIRA DA SILVA, O CANTOR DA BORBOREMA, AMANHÃ, DIA 26 DE ABRIL, 19h30min, no Centro Cultural Banco do Nordeste de Sousa-PB, dentro do projeto ABRIL PARA LEITURA - VII EDIÇÃO, comemorativo do Sesquicentenário de nascimento do escritor Euclides da Cunha.




Conheça a incrível saga de um dos patriarcas da Literatura de Cordel. Neto de um beato discípulo do Padre Ibiapina, foi raptado por ciganos aos 7 anos de idade, na terrível seca de 1877. Ingressou no Exército em 1888 e combateu na Guerra de Canudos. Segundo o pesquisador baiano José Calazans, é autor de um dos primeiros folhetos escritos sobre a Guerra de Canudos e publicado em 1904.
Como poeta popular é o criador do Valente Zé Garcia, romance fartamente elogiado por Câmara Cascudo em Vaqueiros e Cantadores. Personagem do Romance da Pedra do Reino de Ariano Suassuna e autor de uma versão do Pavão Misterioso... Com vocês João Melchíades Ferreira da Silva, O Cantor da Borborema.

João Melchíades

O sertanejo é antes de tudo um forte, diz a frase clássica de Euclides da Cunha. A função do verdadeiro pesquisador é percorrer mares nunca dantes navegados. É garimpar em terrenos desconhecidos, tirar proveito do que já foi colhido sem descuidar-se de acrescentar novidades ao assunto. O pesquisador José Calazans, ao escrever o estudo “CANUDOS NA LITERATURA DE CORDEL” bebeu em fontes que não haviam sido pesquisadas pelo o autor de ‘Os Sertões’ nem por outros estudiosos da vida de Antônio Conselheiro. Aliás, antes dele Sílvio Romero já havia recolhido no seio da musa popular quadrinhas como estas:

Do céu veio uma luz
Que Jesus Cristo mandou
Sant'Antonio Aparecido
Dos castigos nos livrou.

Quem ouvir e não aprender
Quem souber e não ensinar
No dia do juízo
A sua alma penará”.

Conforme José Calazans, “Os versos, que lembram o responso de Sant'Antonio, eram, sem dúvida alguma, os primeiros de uma dilatada série de composições referentes ao Bom Jesus Conselheiro e ao povoado de Canudos, onde o místico cearense iria se fixar em 1893, já desfrutando de grande prestígio no seio da comunidade sertaneja. A produção rimada sobre o “messias” cearense pode ser apontada, em nossos dias, como das maiores da nossa poética popular.”

Essa tosca produção poética dos seguidores de Antônio Conselheiro não passou despercebida ao escritor Euclides da Cunha, que a ela se refere em sua obra magna, o livro OS SERTÕES:  “(...) no mais pobre dos saques que registra a história, onde foram despojos imagens mutiladas e rosários de côcos, o que mais acirrava a cobiça dos vitoriosos eram as cartas, quaisquer escritos e, principalmente os desgraciosos versos encontrados. Pobres papeis, em que a ortografia bárbara corria parelhas com os mais ingênuos absurdos e a escrita irregular e feia parecia fotografar o pensamento torturado, eles, resumiam a psicologia da luta. Valiam tudo porque nada valiam”. E numa outra passagem, mais adiante, conclui desta maneira: “Os rudes poetas rimando-lhe [do Conselheiro] os desvarios em quadras incolores, sem a espontaneidade forte dos improvisos sertanejos, deixaram bem vivos documentos nos versos disparatados que deletreamos pensando, como Renan, que há, rude e eloquente, a segunda Bíblia do gênero humano, nesse gaguejar do povo”

Na opinião de Calasans, o autor de “Os Sertões” sentiu a importância que os conselheiristas davam às criações da Lira anônima, usadas como armas de combate na guerra de vida e morte da jagunçada contra as forças poderosas da República. Dir-se-ia que versejar ajuda a combater. Os conselheiristas, enfrentando dificuldades sem conta, não abandonaram as musas nas horas difíceis e dramáticas da peleja suicida.
E conclui o eminente pesquisador baiano: “Vem da própria gente do Conselheiro a primeira contribuição ao hinário canudense.”

Além dos poetas anônimos, seguidores de Conselheiro, tivemos também um militar paraibano engajado no Exército Republicano que escreveu e publicou uma versão rimada da Guerra de Canudos. Esse poeta foi contemporâneo de Leandro Gomes de Barros, Silvino Pirauá de Lima e Chagas Batista e pode ser considerado um dos pilares do nosso romanceiro popular.


Nosso desafio agora é falar um pouco desse poeta que foi combatente e testemunha ocular da queda de Canudos. Trata-se do paraibano de Bananeiras João Melchíades Ferreira da Silva, o “Cantor da Borborema”, nascido em 1869 e falecido em 1933. Em suma, um poeta, um sertanejo e acima de tudo um forte. 


Num folheto escrito após a guerra e publicado em 1904, após ser reformado como Sargento do Exército Brasileiro, Melchíades registrou versos como estes descrevendo a fuga atropelada do General Tamarindo, chefe interino da Terceira Expedição, após a morte do “corta-cabeças” General Moreira César:

“Escapa, escapa, soldado
Quem tiver perna que corra
Quem quiser ficar que fique
Quem quiser morrer que morra,
Há de viver duas vezes
Quem sair desta gangorra.”


João Melchíades Ferreira, neto do beato Antônio Simão, discípulo fiel do Padre Ibiapina, sentou praça ainda na Monarquia e com o advento da República foi convocado a combater em Canudos e posteriormente no Acre. Seus descendentes guardam manuscritos de sua esposa Senhorinha onde o poeta descreve os horrores da guerra, que assistiu de perto, ao contrário de Euclides da Cunha, que jamais esteve na linha de frente de combate. Este é o tema da nossa palestra que apresentaremos em abril no BNB Cultural de Sousa-PB.

domingo, 17 de abril de 2016

DIA DO LIVRO INFANTIL



Amanhã, dia 18 de abril, vamos comemorar o DIA NACIONAL DO LIVRO INFANTIL, data criada em homenagem a Monteiro Lobato (1882 - 1948). Em 2007, a pedido da Editora IMEPH, criei um texto em cordel para comemorar essa data. Reproduziremos trechos do mesmo no final dessa postagem. 

Sobre o grande Monteiro Lobato, vejamos o que diz a escritora Fanny Abramovich:

"O maior escritor infantil brasileiro de todos os tempos, José Bento Monteiro Lobato, nasceu em 18 de abril de 1882, em Taubaté (SP). Cresceu numa fazenda, se formou em direito sem nenhum entusiasmo, já que sempre quis ser pintor! Desenhava bem! Quando estudante, participou do grupo "O Cenáculo" e entre risadas e leituras insaciáveis, escreveu crônicas e artigos irreverentes. - Em 1907 foi para Areias como promotor público, casou com Maria Pureza com quem teve três filhos. Entediado com a vida numa cidade pequena, escreveu prefácios, fez traduções, mudou para a fazenda Buquira, tentou modernizar a lavoura arcaica, criou o polêmico "Jeca Tatu", fez uma imensa e acalentada pesquisa sobre o SACI publicada no Jornal O Estado de São Paulo. - Em 1918 lançou, com sucesso, seu primeiro livro de contos URUPÊS. Fundou a Editora Monteiro Lobato & Cia, melhorando a qualidade gráfica vigente, lançando autores inéditos e chegando à falência. - Em 1920 lançou A MENINA DO NARIZ ARREBITADO, com desenhos e capa de Voltolino, conseguindo sua adoção em escolas e uma edição recorde de 50.000 exemplares. - Fundou a Cia Editora Nacional no Rio de Janeiro. Convidado pra ser adido comercial em New York ficou lá por 4 anos (de 1927 a 1931) fascinado por Henry Ford, pela metalurgia e petróleo. Perdeu todo seu dinheiro no crash da bolsa. - Voltou para o Brasil, se jogou na Campanha do Petróleo, fazendo conferências, enviando cartas, conscientizando o país inteiro da importância do óleo. Percebeu, então, o quanto era conhecido e popular. Foi preso! Alternou entusiasmo e depressão com o Brasil. - Participou da Editora Brasiliense, morou em Buenos Aires, foi simpatizante comunista, escreveu para crianças ininterruptamente e com sucesso estrondoso, traduziu muito e teve suas obras traduzidas. - Morreu em 4 de julho de 1948 dum acidente vascular. - Suas obras completas são constituídas por 17 volumes dirigidos às crianças e 17 para adultos englobando contos, ensaios, artigos e correspondência."



O DIA DO LIVRO INFANTIL EM CORDEL
Autor: Arievaldo Vianna

Nessa data tão marcante
Dia 18 de abril
Nosso país comemora
Dia do Livro Infantil
Pois nesse dia tão grato
Nasceu Monteiro Lobato
Grande escritor do Brasil.

José Monteiro Lobato
Nasceu lá em Taubaté
No Vale do Paraíba
Onde viceja o café
Foi um garoto eloqüente
Travesso e inteligente,
Tornou-se um homem de fé.

Fé na cultura e na força
Dessa pátria brasileira,
E fez da Literatura
Sua paixão verdadeira
Para a criança escreveu
E o Brasil conheceu
Uma obra de primeira.

Tia Anastácia, Visconde,
Dona Benta e Narizinho
Emília, Tio Barnabé,
Cuca, Saci e Pedrinho
São personagens amados
Que sempre serão lembrados
Com gratidão e carinho.

Os seus livros infantis
Têm mais graça e poesia
Falam de história, gramática,
Ciência e astronomia
No meio das brincadeiras
Há lições bem verdadeiras
De pura filosofia.

Dizia que um país
Para ser grande nação
Se faz com homens e livros
Eis uma sábia lição
E que a nossa criança
Para ter mais esperança
Precisa de EDUCAÇÃO.

Fez “O Poço do Visconde”
Reinações de Narizinho”
As Memórias da Emília”
As caçadas de Pedrinho...”
Em campanhas resolutas
Abraçou algumas lutas
Ao longo de seu caminho.

A exploração do petróleo
Foi sua grande bandeira
E às vezes atrapalhava
Sua brilhante carreira
De escritor consagrado,
Mas deixou grande legado
Para a pátria brasileira.

Numa lúcida entrevista
Mestre ZIRALDO nos diz
A criança do presente
Precisa ser mais feliz!”
Pois se não houver PRESENTE
Não pode ser reluzente
O FUTURO do país.

Quem tem os pés no presente
O futuro sempre alcança
Lendo a frase do ZIRALDO
Renovei minha esperança
E fiz esse manifesto:

UM PEQUENINO PROTESTO

EM DEFESA DA CRIANÇA

"A criança é a presença
Da Divinidade entre nós
Mas se vive abandonada
Tendo a fome por algoz
Num submundo esquecido
Vira um anjo decaído
Seu sofrimento é atroz.

Eu levanto a minha voz
Nesse alerta consciente:
Educar para o futuro
Diz o sistema excludente
Resultados não alcança...
Tem que educar a criança
Pra ser feliz no presente.

De um sorriso inocente
Toda criança é dotada
Porém se for excluída,
Na sarjeta abandonada,
Perde a graça e o sorriso
Seu futuro é impreciso
Dele não se espera nada.

Portanto, a hora é chegada
Basta de embromação,
De brinquedos que às vezes
Chegam de segunda mão
Pro seu direito valer
A criança quer lazer
Saúde e educação.”

FIM




 

quinta-feira, 14 de abril de 2016

LANÇAMENTO




CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR

TRECHO DO PREFÁCIO, POR SÍLVIO R. SANTOS



(...) MANUSCRITOS, NATURALMENTE – Bem poucas famílias tiveram oportunidade de desvendar suas origens através da herança de manuscritos, quando a alfabetização foi sempre uma exceção. Que dirá em prosa e verso. Desse sortilégio soube-se haver o autor, para saber de sua capacidade de realização seria preciso conhecê-lo desde menino, o que vem a ser o caso. Bem poderia o mesmo se contentar com um livro genealógico, pinçar fotos, mas empreendeu obra de maior abrangência, quando vista em conjunto, mesmo de grande fôlego. Nessa empreitada contou com a ajuda de parentes, alguns bem distantes, indispensáveis para a descoberta de fotos raras e manuscritos ainda mais. Qual seja divulgar fatos imprescindíveis da história nordestina e, ao mesclá-los com o de sua narrativa familiar, desmistifica-los, trazendo-os ao chão, para o interesse do leitor comum, o leitor por excelência.  O que talvez na era digital não esteja na pauta dos assuntos à tona, mas devido à maestria da exposição, certamente deveria alterar esse estado de coisas. Quantos alunos nos dias de hoje saberão sobre a Confederação do Equador? Padre Mororó? Dona Guidinha do Poço? Alguns até mais recorrentes como o Conselheiro de Canudos, tendo como pano de fundo o sertão central: de Quixeramobim, de Madalena, de Canindé?  É de crer que não muitos. A esta altura, deve-se pleitear, portanto, a inserção de outro significado ao desencanto de que ora se trata, alterando-se seu sinal para positivo. Embora o autor deste livro assegure de forma lírica que seu pesar é pelo seu sertão que não mais existe, enquanto estas linhas foram sendo alinhavadas, surgiu a possiblidade da acepção informal que traduz o ato de aparecer ou encontrar o que estava sumido. Já que o mesmo veio trazer à cena personagens que estavam, por assim dizer, “encantados”, desaparecidos do mundo e da história. Nada mais justo, embora à revelia do mesmo, necessário é que se frise. (...)



domingo, 10 de abril de 2016

TERMINA HOJE A FEIRA DO CORDEL


ENCERRAM-SE HOJE AS ATIVIDADES DA FEIRA DO CORDEL BRASILEIRO

Confira a programação do último dia:

10 de abril (domingo)
17h – Teatro de Cordel: Sérgio Magalhães – Itapajé/CE
Madson Santos – Itapajé/CE
Local: Pátio Extern
18h – Apresentação Musical: Marcelo Soares e Mahatma Costa – João Pessoa/PB
Local: Pátio Externo
19h – Apresentação Musical: Mestre Bule-Bule – Antônio Cardoso/BA
Local: Pátio Externo
20h – Apresentação Musical: Estrela do Norte e Regional – Fortaleza/CE
Local: Pátio Externo

Bule-Bule é a grande atração de hoje (na foto, comigo e Mestre Azulão)


Serviço:

Vivência: Feira do Cordel
Local: CAIXA Cultural Fortaleza
Endereço: Av. Pessoa Anta, 287, Praia de Iracema
Data: 5 a 10 de abril de 2016
Horários: terça-feira a domingo (conforme programação)
Classificação indicativa: Livre
Entrada gratuita
Acesso para pessoas com deficiência e assentos especiais (os assentos especiais são para os espetáculos dentro teatro)

Bilheteria da CAIXA Cultural Fortaleza:

(85) 3453-2770

Minha intervenção na palestra OS RUMOS DO CORDEL
Foto: Raymundo Netto

sábado, 9 de abril de 2016

FEIRA DO CORDEL BRASILEIRO



A Feira do Cordel Brasileiro prossegue hoje e amanhã (09 e 10/04) no Espaço Cultural da Caixa, na Avenida Pessoa Anta - Praia de Iracema. Abaixo, algumas imagens de ontem, quando fiz minha primeira apresentação e também do show do artista piauiense Beto Brito, atualmente radicado em João Pessoa-PB. Estaremos em cena novamente, a partir das 19 horas. Compareça | Prestigie!

PROGRAMAÇÃO DE HOJE, SÁBADO, 09 DE ABRIL

09 de abril (sábado)
16h às 18h – Palestra: “O Cordel e seus novos desafios”
Maria Alice Amorim – Recife/PE
Marco Haurélio – São Paulo/SP
Klévisson Viana – Fortaleza/CE
Arievaldo Viana – Canindé/CE
Mediador: Eduardo Macedo
Local: Teatro
18h – Apresentação Musical: Edilson Barros – Fortaleza /CE
Local: Pátio Externo
19h – Recital: Chico Pedrosa – Recife/PE
Local: Pátio Externo
20h – Apresentação Musical: Grupo Batuta Nordestina – Fortaleza/CE

Local: Pátio Externo









segunda-feira, 4 de abril de 2016

FEIRA DO CORDEL BRASILEIRO



A CAIXA Cultural Fortaleza apresenta, de 5 a 10 de abril, a primeira edição da Feira do Cordel Brasileiro: Uma caixa de Cordéis para você!. A feira, que acontece no mês em que é comemorado o Dia Internacional do Livro, é uma iniciativa da Associação de Escritores, Trovadores e Folheteiros do Estado do Ceará (Aestrofe) e conta com cerca de 30 expositores. Nesta nova edição da antiga Feira Brasileira do Cordel, o homenageado será o cordelista e declamador Mestre Chico Pedrosa, por ocasião dos seus 80 anos de vida e arte.
A programação gratuita reúne muitos dos principais expoentes da literatura de cordel no país, além de cantadores de viola e de música regional. Entre as atrações, estão os músicos Beto Brito, Estrela do Norte, Edilson Barros, do grupo Batuta Nordestina, e Cayman Moreira. Haverá, ainda, show de repentistas com a dupla Geraldo Amâncio e Zé Maria de Fortaleza, assim como declamação de poesias com os cordelistas Klévisson Viana, Evaristo Geraldo, Lucarocas, Paulo de Tarso, Raul Poeta, Arievaldo Viana, Rafael Brito e Chico Pedrosa.
Além disso, a feira conta com palestras, oficinas, apresentações teatrais com os grupos Formosura de Teatro, As Catirinas e Pajearte. Para complementar a programação haverá exposição e venda de folhetos de cordel e lançamentos literários. A curadoria é do cordelista e editor Klévisson Viana, vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura (2015) com o livro: O Guarani em cordel (Amarylis), baseado na obra de José de Alencar.
Com o tema Uma caixa de Cordéis para você!, a feira objetiva difundir a leitura da poesia de cordel, assim como promover e fomentar o encontro entre o público em geral com os cordelistas, editores, repentistas, ilustradores e xilogravuristas da nossa tradicional literatura popular em verso. Apesar do seu linguajar simples e informal, a literatura de cordel é, hoje, vista como importante manifestação literária, pois é compreendida como sendo, em língua portuguesa, uma das nossas primeiras manifestações poéticas por ter sua origem na produção oral trovadoresca. Neste sentido, a Literatura de Cordel vem cada vez mais sendo aceita e estudada pelas academias e já possui uma Academia Brasileira de Cordel, fundada em 7 de setembro de 1988, com sede no Rio de Janeiro.




HOMENAGEM A CHICO PEDROSA

O homenageado: Francisco Pedrosa Galvão nasceu no município de Guarabira, Paraíba, no sítio Pirpiri, em 14 de março de 1936. É poeta e declamador. Estudou na escola do sítio onde morava até o terceiro ano primário quando sofreu a injustiça de ser expulso pela professora, incidente relatado no poema Revolta dum Estudante. Começou a escrever folhetos de cordel aos 18 anos. Ao lado do amigo e poeta Ismael Freire cantava e vendia seus folhetos nas feiras da região. Além de folheteiro, Pedrosa foi também camelô e representante de vendas. Hoje, vive exclusivamente de recitar e divulgar seus trabalhos, gravados em CD e publicados em livros.

Algumas de suas obras

LIVROS:

Pilão de Pedra – 1988 – Ed. Jacira – Campina Grande – PB
Pilão de Pedra II – 1996 – Gráfica Inojosa – Recife – PE
Raízes da Terra – 2004 – Gráfica Universitária Recife – PE
Antologia Poética Sertão Caboclo – 2007 – Ed. Bagaço Recife – PE
Raízes do Chão Caboclo – 2011 – Ed. Coqueiro Recife – PE

CD:

Poesia Popular Nordestina – 1990
Meu Sertão – 1997
Sertão Caboclo – 2001
Paisagem Sertaneja – 2003
No Meu Sertão é Assim – 2005
Países do Chão Caboclo – 2007
Retalhos do Meu Sertão – 2010

DVD:

Causos e Contos – 2009 -Gravado ao vivo no Teatro de Santa Izabel
Com participação de Amazan, Zé Laurentino e Jessier Quirino

PROGRAMAÇÃO DA FEIRA DO CORDEL BRASILEIRO
05 de abril (terça-feira)
18h – Abertura: Recital com Dideus Sales – Crateús/CE e Paulo de Tarso – Tauá/CE
Local: Pátio Externo
19h – Abertura da Exposição: “O Mundo Encantado da Literatura de Cordel”
Local: Hall do Teatro
19h30 – Causos e Poesias: Mestre Marcelino Xibiu – São Miguel do Anta/ MG
Local: Pátio Externo
20h20 – Recital: Chico Pedrosa – Recife/PE
Local: Pátio Externo

06 de abril (quarta-feira)
18h – Recital: Lucarocas – Fortaleza/CE
Local: Pátio Externo
18h30 – Apresentação de Canções e Ponteios: Gonzaga da Viola – Caucaia/CE
Local: Pátio Externo
19h – Recital: Rafael Brito – Fortaleza/CE
Raul Poeta – Juazeiro do Norte/CE
Local: Pátio Externo
20h – Cantoria: Zé Viola – Teresina/PI
Zé Maria de Fortaleza – Fortaleza/CE
Local: Pátio Externo

07 de abril (quinta-feira)
14h às 17h – Oficina de Cordel: Evaristo Geraldo – Fortaleza/CE
Rouxinol do Rinaré – Fortaleza/CE
Local: Sala Multiuso
18h – Recital: Poeta Paulo de Tarso – Tauá/CE
Local: Pátio Externo
18h30 – Apresentação Musical: Costa Senna – São Paulo/SP
Local: Pátio Externo
19h20 – Recital: Homenagem aos 80 Anos de Chico Pedrosa
Local: Pátio Externo
20h20 – Cantoria: Edimilson Saldanha – Morada Nova/CE
Zé Maria de Fortaleza – Fortaleza/CE
Local: Pátio Externo

08 de abril (sexta-feira)
14h às 17h – Oficina de Xilogravura: Marcelo Soares – João Pessoa/PB
Local: Sala Multiuso
18h – Recital: Evaristo Geraldo da Silva – Maracanaú/CE
Ivonete Morais – Fortaleza/CE
Klévisson Viana – Fortaleza/CE
Guaipuan Vieira – Fortaleza/CE
Arievaldo Viana – Canindé/CE
Lançamento de vários folhetos de Cordéis
Local: Pátio Externo
19h – Apresentação Musical: Cayman Moreira – Fortaleza/CE
Local: Pátio Externo
19h40 – Teatro de Cordel: As Catirinas – Fortaleza/CE
Local: Pátio Externo
20h10 – Apresentação Musical: Cordelista Beto Brito – João Pessoa/PB
Local: Pátio Externo

09 de abril (sábado)
16h às 18h – Palestra: “O Cordel e seus novos desafios”
Maria Alice Amorim – Recife/PE
Marco Haurélio – São Paulo/SP
Klévisson Viana – Fortaleza/CE
Arievaldo Viana – Canindé/CE
Mediador: Eduardo Macedo
Local: Teatro
18h – Apresentação Musical: Edilson Barros – Fortaleza /CE
Local: Pátio Externo
19h – Recital: Chico Pedrosa – Recife/PE
Local: Pátio Externo
20h – Apresentação Musical: Grupo Batuta Nordestina – Fortaleza/CE
Local: Pátio Externo

10 de abril (domingo)
17h – Teatro de Cordel: Sérgio Magalhães – Itapajé/CE
Madson Santos – Itapajé/CE
Local: Pátio Extern
18h – Apresentação Musical: Marcelo Soares e Mahatma Costa – João Pessoa/PB
Local: Pátio Externo
19h – Apresentação Musical: Mestre Bule-Bule – Antônio Cardoso/BA
Local: Pátio Externo
20h – Apresentação Musical: Estrela do Norte e Regional – Fortaleza/CE
Local: Pátio Externo

Serviço:

Vivência: Feira do Cordel
Local: CAIXA Cultural Fortaleza
Endereço: Av. Pessoa Anta, 287, Praia de Iracema
Data: 5 a 10 de abril de 2016
Horários: terça-feira a domingo (conforme programação)
Classificação indicativa: Livre
Entrada gratuita
Acesso para pessoas com deficiência e assentos especiais (os assentos especiais são para os espetáculos dentro teatro)

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JOÃO GRILO E AS LAGARTIXAS VERDINHAS



ARTIMANHAS DE JOÃO GRILO
Autor: Arievaldo Viana
Ilustrações: Jô Oliveira

 TODOS conhecem João Grilo
Um menino diferente
Pequeno, feio e franzino
Porém muito inteligente,
Uma mente talentosa,
Bem dotada e engenhosa,
Sagaz e irreverente.

Quando nasceu esse ente
Caiu neve em Teresina
E detonou um vulcão
Pras bandas de Petrolina
De Fortaleza a Belém
Os carros correram sem
Precisar de gasolina!

Ele tinha a perna fina
E a boca de 'Mãe-da-lua'
Nunca gostou de cantar
A cantiga da perua,
Tudo na vida enfrentava
E satisfeito gritava:
- Manda brasa! Senta a pua!

Foi um quengo muito fino
Legítimo cabra da peste
Existiu outro na Europa
Esse viveu no Nordeste
O de lá era um lesado
O daqui era um danado
E não há quem me conteste.

O João Grilo português
Meteu-se a decifrador
Rei das adivinhações
E só saiu vencedor
Devido um golpe de sorte
Assim escapou da morte
Recebendo algum louvor.

Nosso Grilo foi criado
Com tareco e mariola
Nunca se viu outro cabra
Com tão medonha cachola
Encantou até sultões
Pois nas adivinhações
Foi ele quem fez escola.

Nasceu lá na Paraíba
Criou-se em Taperoá
Foi camelô em Sergipe
Fez carimbó no Pará
E foi encontrar a sorte
No Rio Grande do Norte
Fronteira com o Ceará.

(...)

LAGARTIXAS VERDINHAS PELO CHÃO


Poema de Patativa do Assaré ilustrado por Mariza Viana e lançado pelas Edições Demócrito Rocha. Trabalho bastante pitoresco, com belas ilustrações. O véi Patativa entendia do riscado! Sabia muito de poesia e manjava também de engenharia genética...

TRECHOS:

Um calango nas árvores trepou
E ficou a vagar de copa em copa
Qual vaidoso rapaz, que tudo topa,
Lagartixa do mesmo se agradou
E com ele ao seu lado passeou
Pelos matos frondosos do sertão
Surgiu logo uma nova produção
Porque Deus desta forma permitiu
E mais tarde, na Terra, a gente viu
Lagartixas verdinhas pelo chão.

Essa história que eu conto aconteceu,
Foi por isso que um tal naturalista
Exibindo um papel de cientista
De saber o segredo prometeu,
Pelejou porém nada resolveu
A pesquisa do mestre foi em vão
E depois que não teve solução,
Ficou ele a dizer que não sabia
Porque neste Brasil a gente via
Lagartixas verdinhas pelo chão.

(...)