sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O SUPOSTO PRELO DE LEANDRO



Na Academia Brasileira de Literatura de Cordel - ABLC, (bairro de Santa Tereza, Rio de Janeiro) existe um antigo prelo manual, fabricado no século XIX, que foi doado à instituição pelo General Umberto Peregrino, criador da Casa de São Saruê. Peregrino adquiriu essa preciosidade das mãos do poeta paraibano Manoel Camilo dos Santos, no início da década de 1980. Um programa de TV, do canal The History Channel produziu um episódio onde especula-se a origem do dito prelo. Teria o mesmo pertencido inicialmente ao poeta LEANDRO GOMES DE BARROS, o fundador do Cordel Brasileiro? É o que vamos aprofundar a partir desse artigo escrito por Bráulio Tavares e publicado em seu blog MUNDO FANTASMO:


Leandro e seu prelo - desenho de Jô Oliveira


O PRELO DE CORDEL DE LEANDRO

Por: BRÁULIO TAVARES
Publicado in www.mundofantasmo.blogspot.com.br

The History Channel, canal da TV a cabo (canal 82 da Net, aqui no Rio) tem um simpático programa chamado Detetives da História, em que um casal de apresentadores viaja pelo Brasil tentando elucidar a possível autenticidade histórica de objetos, documentos, etc. Dias atrás foi exibido o programa “Prelo de cordel / Lincoln K”, em que eles investigavam um automóvel Lincoln que teria servido ao presidente Getúlio Vargas, e uma velha impressora de cordel que teria pertencido a Leandro Gomes de Barros, e que se encontra hoje na Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), em Santa Teresa (Rio).
O programa começa com o presidente da ABLC, Gonçalo Ferreira da Silva, e depois entrevista a pesquisadora Sylvia Nemer, da Casa de Rui Barbosa. Não vou detalhar aqui todo o percurso de idas e vindas feito pelo apresentador André Guerreiro, mas ele ainda entrevista o cordelista Arievaldo Viana (Fortaleza), o gráfico Vicente Nascimento (Crato-CE) e o xilógrafo José Lourenço (Juazeiro-CE). É uma viagem pela história da poesia popular nordestina, e tenho esperança de que num futuro próximo o programa possa ser visto online no YouTube ou mesmo no saite de origem (http://seuhistory.com).
Para Arievaldo Viana, o prelo, se pertenceu a Leandro Gomes de Barros (1865-1918), passou de suas mãos para as de Francisco das Chagas Batista (1882-1930), o grande cordelista paraibano que manteve durante anos a “Livraria Popular Editora”, em João Pessoa. Das mãos de Chagas o prelo teria ido para seu irmão Pedro Baptista Guedes, que o levou para Guarabira (PB), e deste para Manoel Camilo dos Santos (1905-1987), dono da tradicional “Estrella da Poesia”, em Campina Grande. O general Umberto Peregrino, dono da “Casa de Cultura São Saruê”, teria sido o responsável pela vinda do prelo para o Rio de Janeiro; e dele o prelo passou para Gonçalo Ferreira, quando a ABLC encampou o material da Casa São Saruê.

Jô Oliveira examina o velho prelo da ABLC

Já o gravador José Lourenço, da “Lira Nordestina”, a maior gráfica de cordel ainda existente, acha que o trajeto foi outro. Após a morte de Leandro em 1918, o prelo teria passado em 1921 (como passou o resto do seu acervo) para João Martins de Athayde (1880-1959), e deste teria ido em 1945 para as mãos do grande editor José Bernardo da Silva (1901-1972), criador da Tipografia São Francisco, que futuramente daria origem à atual “Lira Nordestina”. E teria sido justamente de José Bernardo que o General Umberto Peregrino, grande pesquisador e entusiasta da poesia popular, teria adquirido o prelo que levou para o Rio.

Vejam só. É um programa com menos de uma hora, mas tem material suficiente para que um pesquisador que ame e conheça a poesia popular produza um livro contando (sem a pretensão de esgotar um inesgotável assunto) quem foram essas pessoas, e como esse prelo passou ou não passou de uma para outra, levando consigo um século de poesia popular brasileira. Eu não tenho tempo para um projeto assim, de longo alcance. Alguém se habilita?

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Cordel finalista do JABUTI


Prêmio Jabuti divulga lista de finalistas com quatro autores cearenses

Adaptação em CORDEL de O GUARANI está entre os finalistas


De santo, presidente, índio e escritor, as histórias contadas por quatro cearenses ganharam o reconhecimento da crítica e figuram entre os finalistas do Prêmio Jabuti 2015. Em sua 57ª edição, o Jabuti, uma das mais reconhecidas premiações da literatura brasileira, indicou as escritoras e colunistas do O POVO Ana Miranda e Socorro Acioli, ambas na categoria Romance pelas obras “Semíramis” e “A Cabeça do Santo”, respectivamente. Por “Getúlio – da Volta pela Consagração Popular ao Suicídio (1945-1954)”, terceiro livro da trilogia que reconta a vida de um dos mais importantes políticos brasileiros, o jornalista e escritor Lira Neto recebeu a indicação na categoria Biografia. Na categoria Adaptação, o poeta cordelista Klévisson Viana concorre com “O Guarani em Cordel”, baseado na obra de José de Alencar.
Tendo demorado oito anos para escrever “A Cabeça do Santo”, em que conta a história de um moço à procura do pai que encontra abrigo na cabeça de Santo Antônio, Socorro Acioli recebeu a notícia de sua segunda indicação com felicidade. “Depois de tanto tempo escrevendo, só publicá-lo já foi alegria suficiente. Essa é terceira indicação a prêmios que ele recebe (as outras duas são pelo Prêmio São de Literatura e o Prêmio Oceanos), e fico feliz em saber que ele está sendo lido e chegando perto das pessoas”, contou por telefone a escritora, enquanto ninava Camila, a filha recém-nascida a quem define como seu “maior prêmio”.

Para Socorro, que já venceu o Jabuti infantil por “Ela tem olhos de céu”, em 2013, a relação entre religião e miséria, típica do Nordeste, e o regionalismo em época de histórias contemporâneas podem ter valido o reconhecimento do “A Cabeça de Santo”. “Acho que (a indicação pode ter sido porque) não tive medo de usar de emoção, de amor, de ser piegas, de exagerar no fantástico. Ou talvez seja o poder de Santo Antônio”, credita.
Às voltas com o planejamento de uma viagem, a autora Ana Miranda soube da indicação ao Jabuti ao ser interpelada pelo O POVO quanto às expectativas para o prêmio. Ana, que já venceu o prêmio em 1989, com seu romance de estreia “Boca do Inferno” e em 2002 com “Dias & Dias”, repete em “Semíraris” o que fez no livro de 1989, com Gregório de Matos, e em “A Última Quimera”, com Augusto dos Anjos: debruça-se na vida e na obra de um autor, desta vez José de Alencar.
“É uma literatura pura, um livro extremamente literário, com um trabalho minucioso de linguagem. E é um livro simpático, que tem certa leveza de leitura que o torna mais acessível ao gosto das pessoas”, define a autora para quem o desejo é que o Jabuti chegue até o Ceará. “Fico feliz feliz com a indicação, minhas expectativas são as melhores, e meu verdadeiro desejo é que o prêmio venha para o Ceará”, estima.


FONTE:  http://www.opovo.com.br/app/divirta-se/2015/10/22/noticiasdivirtase,3523120/premio-jabuti-divulga-lista-de-finalistas-com-quatro-autores-cearenes.shtml

VEJA TAMBÉM: http://acordacordel.blogspot.com.br/2012/08/alencar-nas-rimas-do-cordel.html

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

CORDEL EM CAXIAS DO SUL-RS



CORAG lanca cordel em braile e revista da Academia Caxiense de Letras


FEIRA DO LIVRO – A Corag lançou no dia 16/10, durante a Feira do Livro de Caxias do Sul, duas importantes publicações para a cultura regional. A edição em braile da adaptação em cordel da obra de Simões Lopes Neto, escrita por Arievaldo Viana, e a primeira edição da revista da Academia Caxiense de Letras.
A edição dos cordéis em braile é uma iniciativa da Corag, em parceria com a Faders e TVE. Além dos livros impressos, cada livro foi gravado em áudio, com cd’s que acompanham as obras. O escritor Arievaldo Viana esteve presente no lançamento. O presidente da Corag, Vinicius Ribeiro, ressalta que esta foi a primeira obra em braile editada pela Corag, “Este é mais um passo para a democratização da educação. Dar acesso às pessoas com necessidades especiais a essa obra é uma contribuição à cultura regional e, principalmente, o cumprimento de um dever social que o estado tem perante a comunidade gaúcha”, afirma.
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Como forma de incentivar iniciativas culturais no Rio Grande do Sul que valorizem e difundam a qualidade da produção literária do Estado, a Corag apoiou o lançamento da primeira edição da revista Dante, publicação literária oficial da Academia Caxiense de Letras. A parceria entre as duas instituições permitiu à ACL/RS concretizar o sonho de manter um periódico impresso gratuito para veiculação de entrevistas, artigos, contos, ensaios e resenhas sobre literatura, com caráter didático e de entretenimento, produzidos pelos acadêmicos especialmente para a Dante. 

Adaptação em Cordel 

da Obra de Simões Lopes Neto


Nascido em Pelotas no ano de 1965, o escritor João Simões Lopes Neto é, graças à sua grandiosa produção literária, considerado o maior autor regionalista do Rio Grande do Sul, valorizando em sua obra os aspectos históricos e culturais do povo gaúcho. Sua literatura teatral, muitas vezes dedicada ao gênero cômico, valorizando o sotaque característico do homem do interior do Estado, chamando a atenção para os problemas cotidianos da vida campeira, lançou as bases para o que hoje se entende por tradicionalismo na cultura gaúcha. Em homenagem aos 150 anos de seu nascimento, a Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas compilou nestas publicações algumas das mais famosas obras do autor pelotense adaptadas em cordel nos versos do poeta cearense Arievaldo Viana e ilustradas pelo artista pernambucano Jô Oliveira, contribuindo para a difusão da literatura simoneana e retratando a força cultural e espontânea de nossa obra nativa.
Fotos: Laudir Dutra
Fonte:http://jornalpontoinicial.com.br/cultura/corag-lanca-livros-em-braile-e-revista-da-academia-caxiense-de-letras/

domingo, 18 de outubro de 2015

NA FEIRA DO LIVRO DE CAXIAS DO SUL-RS

Com os "oficineiros" do 22º PROLER de CAXIAS-RS
Beatriz Myrrha (MG), Márcio Vassallo (RJ), Elaine Silveira (RS), Léla Mayer (RS),
Flávia (da organização), Beto Silva (SP), Lúcia Fidalgo (RJ).


Chegando mais uma vez do Rio Grande do Sul, desta vez uma viagem surpreendente e cheia de alegrias. Depois de participar por três vezes da Feira do Livro de Porto Alegre, uma das mais animadas e bem organizadas o país, resolvi subir a Serra Gaúcha e participar da 31ª Feira do Livro de Caxias do Sul, onde ministrei oficinas do projeto Acorda Cordel. Outro momento marcante foi o lançamento em BRAILE e ÁUDIO LIVRO das minhas adaptações da obra de João Simões Lopes Neto, com as ilustrações maravilhosas do meu parceiro Jô Oliveira. Como se não bastasse, participamos também de um recital e contação de histórias no palco principal do evento. Amanhã prometo mais detalhes. Por enquanto, reproduzo apenas algumas fotos e trechos dos textos coletivos criados nas duas oficinas realizadas na sexta-feira, dia 16 de outubro.

Alunos da Oficina 1 - Turmo Manhã, na Universidade de Caxias do Sul


OFICINA 1 – ACORDA CORDEL (Manhã)
Data: 17 de outubro de 2015
PRODUÇÃO COLETIVA
Título:  CORDEL EM CAXIAS

Ao chegar nesta cidade
Tive grandes alegrias
Apesar dos temporais
Eu fiz grandes parcerias
Apresentando o cordel
Aos gaúchos de Caxias.

O Cordel é uma arte
Cultura da nossa gente
União do Sul e o Norte
Juntando o frio e o quente
Na presença do poeta
A classe ficou contente.

Nossa oficina mostrou
A trova do menestrel
A poesia popular
Que é impressa no papel
Juntando a rima e a métrica
Fizemos nosso Cordel.


Alunos da Turma 2

OFICINA ACORDA CORDEL – Turma 2 (Tarde)
Título: CORDEL E ENCANTAMENTO  (Criação coletiva)

Caxias, bela cidade
Desempenha o seu papel
Nessa Feira Literária
Temos até menestrel
Traduzindo em verso e prosa
Os segredos do Cordel.

Contar histórias rimadas
Esta é a nossa missão
Embora a chuva atrapalhe
É fruto do coração
Este sol traz alegria
Ilumina a educação.

Eu canto o sol e a chuva,
A planta, a flor e o vento,
Jogo palavras no ar
Com a força do pensamento
O cordel, que é cultura
Popular literatura
Que traz o encantamento.







sábado, 10 de outubro de 2015

FEIRA DO CORDEL

FEIRA DO CORDEL 
NA PRAÇA DOS LEÕES 
FORTALEZA - CEARÁ


Geraldo Amâncio


Rafael Brito e Zé Maria 

Juarez Leitão relendo o BAÚ DA GAIATICE

 Cantor e humorista Marcondes FALCÃO prestigia a FEIRA DE CORDEL

Marcos Maia, Klévisson, Juarez Leitão e Arievaldo Vianna.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

DIA DO NORDESTINO


08 de outubro é o DIA DO NORDESTINO



Em sentido horário: Fagner, Zé Ramalho, Ednardo, Luiz Gonzaga, Cego Aderaldo, Lucas Evangelista, Ariano Suassuna, Crispiniano Neto e Lula.

"O sertanejo (nordestino) é, antes de tudo, um forte", já escrevia o fluminense Euclides da Cunha no seu clássico Os Sertões. Nesta quinta-feira, (08/10) é comemorado o Dia do Nordestino, sinal de uma resposta positiva aos inúmeros preconceitos que essa população sofre ainda no chamado Sul maravilha. 




Sobre o Dia do Nordestino


Dia 8 de outubro, embora a gente não tenha encontrado uma Lei Nacional oficilizando a homenagem, foi amplamente divulgado como o Dia do Nordestino.
As comemorações referentes à data ocuparam a 5ª posição no trending topics do Twitter. O assunto #nordestino gerou polêmicas porque teve muitos comentários preconceituosos. Confira aqui.
O Dia do Nordestino deveria ser um dia para dar um basta ao preconceito. É chocante descobrir que há até um site no ar que já reuniu 1255 assinaturas em repúdio a migração. Intolerância e falta de informação.
Dados demonstram a diminuição do fluxo migratório do Nordeste para outras regiões do Brasil. Além dos programas de distribuição de renda, que contribuem para gerar vínculo, entre 2002 e 2007, os números mostram que mais de 400 mil nordestinos voltaram para suas cidades de origem.
Os dados revelam que São Paulo, estado mais nordestino de todos, tornou-se hoje o maior “exportador” de volta dos mesmos – 61% dos que retornaram vieram de SP. A pesquisa é de Liedje Siqueira, professora do departamento de Economia da Universidade Federal da Paraíba – UFPB.
Uma das motivações é o crescimento da economia do Nordeste, acima da média nacional. Um bom exemplo está no setor da construção civil. Segundo reportagem jornal A Tarde, no Brasil, enquanto o setor de construção civil ampliou no período 16,6% as vagas formais, no Nordeste o crescimento atinge 30,5%. A situação tem gerado falta de mão-de-obra no setor em São Paulo.
Independente disso, o que a gente quer é aplaudir e comemorar o Dia do Nordestino e afirmar que somos todos brasileiros. Só para citar alguns: os personagens abaixo (e os do painel acima, também), por exemplo, deixaram há muito de serem ícones locais/regionais para se tornarem referência nacional, certo?




Homenagem à FAMÍLIA GONZAGA, as verdadeiras matrizes do FORRÓ.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

CORDEL NO MARANHÃO

Paulo de Tarso, Wilson Marques, Arievaldo, Luanderson (da Editora PAULUS)
e dona Raimunda Frazão, patrona do espaço do cordel na Feira de São Luís.


Dando sequência ao trabalho que venho realizando para o IPHAN em prol do registro da Literatura de Cordel / Cantoria / Xilogravura e Coco de Embolada como Patrimônio Imaterial do Povo Brasileiro, estivemos na capital do estado do Maranhão no período de 02 a 06 de outubro, conversando com poetas que vieram participar da 9ª FELIS (Feira do Livro de São Luís). Eis a relação dos poetas entrevistados:

Poetas Adauto França, Wilson Marques e Paulinho Nó Cego


1 – Moizes Raimundo Lobato Nobre (MOIZES NOBRE)  15 minutos, áudio e vídeo.
2 – Adauto da Silva FRANÇA – 11 minutos, áudio e vídeo.
3 – Raimunda Pinheiro de Sousa Frazão – áudio e vídeo, 12 minutos.
4 – Beto Scanssete (Carlos Alberto Scanssette Fernandes) – Áudio e vídeo, 26 minutos.
5 – Antônio Ferreira (Cantador) – áudio e fotos – 5:05 minutos.
6 – Wilson Marques (escritor e cordelista) áudio, vídeo e fotos – 22 minutos.
7 – Áudio e fotos do debate de Aderaldo Luciano, Paulinho Nó Cego, Raimunda Frazão e Moizés Nobre – Aproximadamente, 1 hora e 20 minutos.
8 – Goreth Pereira – Áudio, fotos, vídeo – Aproximadamente 15 minutos.

9 – Paulo Roberto Gomes Leite Vieira – Paulinho Nó Cego, áudio, vídeo e fotos – aproximadamente 15 minutos de entrevista.

Livros e folhetos adquiridos no Maranhão

Stand do escritor Wilson Marques, com Paulo de Tarso,
Marinaldo e William Brito, da Academia de Cordelistas do Crato


Com os poetas Raimunda Frazão e Moizes Nobre

Debate sobre cordel com os poetas Raimunda Frazão,
Aderaldo Luciano, Paulinho Nó Cego e Moizes Nobre.