Na Academia Brasileira de Literatura de Cordel - ABLC, (bairro de Santa Tereza, Rio de Janeiro) existe um antigo prelo manual, fabricado no século XIX, que foi doado à instituição pelo General Umberto Peregrino, criador da Casa de São Saruê. Peregrino adquiriu essa preciosidade das mãos do poeta paraibano Manoel Camilo dos Santos, no início da década de 1980. Um programa de TV, do canal The History Channel produziu um episódio onde especula-se a origem do dito prelo. Teria o mesmo pertencido inicialmente ao poeta LEANDRO GOMES DE BARROS, o fundador do Cordel Brasileiro? É o que vamos aprofundar a partir desse artigo escrito por Bráulio Tavares e publicado em seu blog MUNDO FANTASMO:
Leandro e seu prelo - desenho de Jô Oliveira
O PRELO DE CORDEL DE LEANDRO
Por: BRÁULIO TAVARES
Publicado in www.mundofantasmo.blogspot.com.br
The History Channel, canal da TV
a cabo (canal 82 da Net, aqui no Rio) tem um simpático programa chamado
Detetives da História, em que um casal de apresentadores viaja pelo Brasil
tentando elucidar a possível autenticidade histórica de objetos, documentos,
etc. Dias atrás foi exibido o programa “Prelo de cordel / Lincoln K”, em que
eles investigavam um automóvel Lincoln que teria servido ao presidente Getúlio
Vargas, e uma velha impressora de cordel que teria pertencido a Leandro Gomes
de Barros, e que se encontra hoje na Academia Brasileira de Literatura de
Cordel (ABLC), em Santa Teresa (Rio).
O programa começa com o
presidente da ABLC, Gonçalo Ferreira da Silva, e depois entrevista a
pesquisadora Sylvia Nemer, da Casa de Rui Barbosa. Não vou detalhar aqui todo o
percurso de idas e vindas feito pelo apresentador André Guerreiro, mas ele
ainda entrevista o cordelista Arievaldo Viana (Fortaleza), o gráfico Vicente
Nascimento (Crato-CE) e o xilógrafo José Lourenço (Juazeiro-CE). É uma viagem
pela história da poesia popular nordestina, e tenho esperança de que num futuro
próximo o programa possa ser visto online no YouTube ou mesmo no saite de
origem (http://seuhistory.com).
Para Arievaldo Viana, o prelo, se
pertenceu a Leandro Gomes de Barros (1865-1918), passou de suas mãos para as de
Francisco das Chagas Batista (1882-1930), o grande cordelista paraibano que
manteve durante anos a “Livraria Popular Editora”, em João Pessoa. Das mãos de
Chagas o prelo teria ido para seu irmão Pedro Baptista Guedes, que o levou para
Guarabira (PB), e deste para Manoel Camilo dos Santos (1905-1987), dono da
tradicional “Estrella da Poesia”, em Campina Grande. O general Umberto
Peregrino, dono da “Casa de Cultura São Saruê”, teria sido o responsável pela
vinda do prelo para o Rio de Janeiro; e dele o prelo passou para Gonçalo
Ferreira, quando a ABLC encampou o material da Casa São Saruê.
Jô Oliveira examina o velho prelo da ABLC
Já o gravador José Lourenço, da
“Lira Nordestina”, a maior gráfica de cordel ainda existente, acha que o
trajeto foi outro. Após a morte de Leandro em 1918, o prelo teria passado em
1921 (como passou o resto do seu acervo) para João Martins de Athayde
(1880-1959), e deste teria ido em 1945 para as mãos do grande editor José
Bernardo da Silva (1901-1972), criador da Tipografia São Francisco, que
futuramente daria origem à atual “Lira Nordestina”. E teria sido justamente de
José Bernardo que o General Umberto Peregrino, grande pesquisador e entusiasta
da poesia popular, teria adquirido o prelo que levou para o Rio.
Vejam só. É um programa com menos
de uma hora, mas tem material suficiente para que um pesquisador que ame e
conheça a poesia popular produza um livro contando (sem a pretensão de esgotar
um inesgotável assunto) quem foram essas pessoas, e como esse prelo passou ou
não passou de uma para outra, levando consigo um século de poesia popular
brasileira. Eu não tenho tempo para um projeto assim, de longo alcance. Alguém
se habilita?
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