ARANDO A TERRA
Montei muitas vezes guiando um cavalo
Que tão paciente puxava o arado,
E ao vê-lo na faina, de suor banhado
Fazia um jeito de não maltratá-lo.
Arando o terreno, para então plantá-lo
Nos braços do arado, meu pai fatigado
Cantava, pois via o solo molhado
Prevendo a fartura a recompensá-lo.
Mas o tempo passou, não pude domá-lo,
Tive de seguir por uma nova estrada
Pegando com jeito a rédea e a brida...
Minha alma é quem guia o velho cavalo:
Meu corpo cansado da longa jornada
Puxando com jeito o arado da vida.
Arievaldo Vianna – 07.03.2019
CANTIGA DE UM SAPO
URBANIZADO | Janeiro
de 2019
O rebento de um bardo sertanejo
Que jamais se comove com a chuva
É pior que os filhos da viúva
Que nasceram da raspa ou do sobejo
Dos batráquios, se escuto o harpejo
Eu não pego jamais num guarda-chuva
Não preciso de toalha, capa e luva
Tomo banho, bebo cana e até gracejo!
Dona rã, raspa a cuia, que beleza
Como é belo este som da Natureza
O inverno só nos traz lembrança boa...
Chuva aqui, para nós, é tempo bom
E no asfalto eu não posso ouvir o som
Dos batráquios que cantam na lagoa.
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