História do Boi Leitão
ou o vaqueiro que não mentia
Francisco Firmino de Paula
(H. Rufino)
Editor: José Alves
Pontes ; 1973
Numa cidade distante
Há muito tempo existiu
Um distinto fazendeiro
O mais rico que se viu
E tinha um jovem
vaqueiro
Homem que nunca
mentiu.
Também esse fazendeiro
Muitas lojas possuía
Tinha muitos
empregados
Porém ele garantia
Que só aquele vaqueiro
Era sério e não
mentia.
Seus amigos em
palestra
Exclamavam admirados
Porque é que entre
tantos
Homens nobres
empregados
Somente um rude
vaqueiro
É quem não causa
cuidados?
Respondia o fazendeiro
— Tudo é nobre e
decente,
Porém, capaz de
mentir,
Digo conscientemente,
Mas Dorgival meu
vaqueiro
Por forma nenhuma
mente.
O conheço há muitos
anos
E nunca vi ele mentir
É rude por ser
vaqueiro
Mas sabe entrar e sair
Se faz uma causa
errada
Nunca procura fingir.
Juntaram-se dez amigos
E mandaram o
fazendeiro
Inventar uma cilada
Pra Dorgival o
vaqueiro
Cair na falta, por
verem
Se ele era verdadeiro.
Disse o doutor aos
amigos
Nós temos que apostar
Dará vinte contos cada
Se o que diga aprovar
Perderei duzentos
contos
Se a meu vaqueiro
falhar.
Eu mandarei minha
filha
A Dorgival seduzir
E fazer todo o
possível
Dele na laço cair,
E depois veremos ele
Falar verdade ou
mentir.
Concordaram e a aposta
Fecharam rapidamente
Dizendo: esperaremos
O dia conveniente
E provaremos doutor
O vaqueiro Dorgival
Morava um pouco
afastado
Em uma grande fazenda
Aonde era encarregado
Ali existia um boi
Do patrão muito
estimado.
O vaqueiro também
tinha
Ao boi estimação
Pois era um touro
bonito
O orgulho do patrão
Era da raça gigante
Lhe chamavam o “boi
Leitão”.
Toda vez que o
vaqueiro
O seu patrão visitava
Logo depois de
saudá-lo
O doutor lhe
perguntava
Pelo gado e em seguida
O boi Leitão coma
estava?
O vaqueiro respondia
Nosso gado vai feliz
E o nosso boi Leitão?
— É gordo e bom de
raiz
Dizia o patrão, você
Somente a verdade diz.
De formas que o patrão
tinha
Muita confiança nele
O moço lá na fazenda
Cumprindo os deveres
dele
Não sabia que os ricos
Estavam mexendo com
ele.
Na referida fazenda
Quem quisesse ali
chegar
Vindo da cidade, havia
De um rio atravessar
Tinha ali uma jangada
Pra quem quisesse
passar.
O doutor chamou a
filha
Disse: vá com a criada
Amanhã logo cedinho
Na fazenda da jangada
Do vaqueiro Dorgival
Se faça de namorada.
Vá lindamente vestida
Com lindos trajes
vermelhos
No rio próximo à
fazenda
Preste atenção meus
conselhos
Vá passear e levante
A roupa até aos
joelhos.
Se o vaqueiro lhe
chamar
Diga: mate a boi
Leitão
E tire ligeiramente
O fígado e o coração
Mande fazer um cozido
Pra comermos um pirão.
A moça chegou no rio
Pôs-se ali a passear
Com as vestes aos
joelhos
Alegremente a cantar
O vaqueiro ouvindo a
voz
Veio fora observar.
Dorgival vendo a
donzela
Disse rindo: oh! minha
santa
Me alegro em ver e
ouvir
Quem assim tão linda
canta
Venha pra lado de cá
Longe assim não
adianta.
Respondeu ela: eu irei
Se matar o boi Leitão
E tirar ligeiramente
O fígado e o coração
Mandar fazer um cozido
Pra comermos com pirão.
O vaqueiro francamente
Deu resposta imediata
Donzela você merece
Por ser gentil e exata
Mas lhe digo: o boi
Leitão
Do meu senhor não se
mata.
Disse a moça: tem
razão
E saiu no mesmo
instante
O rapaz ficou olhando
Aquele porte elegante
Pensando naquelas
pernas
De beleza fascinante.
O vaqueiro não sabia
Que aquela moça bela
Era filha de seu amo
Pois não conhecia ela
Quase não dormiu a
noite
Com o pensamento nela.
Deolinda ao chegar
Em casa contou ao pai
A resposta do vaqueiro
Disse o doutor: você
vai
Amanhã e o seduza
Pra ver se ele cai.
Amanhã você levante
Até as coxas o vestido
Se ele chamar, você
diga
Vou se fizer meu
pedido
De matar o boi Leitão
Pra comermos um
cozido.
(...)
PROCURE ADQUIRIR O FOLHETO E CONHEÇA O DESFECHO DESSA HISTÓRIA!
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Folheto editado pela Casa das Crianças de Olinda
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