DE COMO
PAULIM FOI PARAR
NO
SANTANTÕIM DO BURACO
Por José Augusto Moita
Aos
mais jovens e aos que não são de Fortaleza, devemos primeiro dizer que o
Santantõim do Buraco era um local aqui próximo onde existia uma escola de
correição para jovens delinquentes. E agora vocês, que conhecem bem de perto o
Paulim, hão de perguntar de queixo caído como pôde isso acontecer, se ele foi
um menino de conduta ilibada, de ótimos antecedentes, religioso ao extremo e
que só vivia do colégio para o lar. E lhes responderei, antes que pairem
dúvidas sobre a dignidade de tão querido personagem, que tudo não passou de uma
sórdida campanha, liderado por um invejoso desafeto que não suportava ver
Paulim como o melhor aluno da classe, líder estudantil e presidente do Grêmio
Escolar.
A calúnia que resultou na desventura do nosso herói se deu no dia do aniversário de Dona Mocinha, jovem e bonita mestra sobre a qual Paulim nutria uma homérica paixão infantil. Só que ele não era o único. Q'suco, um garoto sardento do cabelo vermelho, capeta em forma de guri, também estava platonicamente enamorado da professorinha. E resolveu destruir seu concorrente através de uma sórdida trama: embrulhou cuidadosamente para presente uma caixinha daquelas que trazem dentro jóias acolhidas por chumaços de algodão, e no lugar do conteúdo, cuidadosamente alojado colocou um retorcido pelo pubiano. Posicionou o artefacto estrategicamente na gaveta primeira a ser aberta pela mestra, junto com um bilhete apócrifo que dizia: uma prenda do aluno mais elegante e bonito da escola.
A
diretora, depois de conseguir fazer tornar do desmaio Dona Mocinha, exigiu uma
apuração sumária para descobrir o executor do atentado terrorista. Não tinha
como Paulim escapar, tudo compunha em seu desfavor. Além do peremptório
"mais elegante e bonito", por essa época ele já dedilhava alguns
acordes ao violão, cantando uma modinha muito em voga à época que falava de
cabelos em forma de caracóis. Não deu outra, desceu para o submundo dos
apenados juvenis.
Como
nesse mundo não há injustiça que perdure, sua redenção veio através de quem
menos se podia esperar, Dedé Sonho de Valsa, o cidadão alegre encarregado da
higiene pessoal dos garotos. Ao submeter Paulim ao primeiro banho, o diligente
encarregado, com seus olhar cirúrgico, observou que além de um diminuto
pingolim, nosso futuro Gogó de Ouro da Maraponga ainda estava com a genitália
completamente desprovida de pelos, a não ser uma rala e insignificante penugem.
E de imediato fez um ofício à diretora, relatando que o material encontrado no
corpo do acusado era incompatível com o objeto
da acusação. Graças a essa alma caridosa se deu a absolvição do Paulim, que
pode ir para o conforto do seu lar, mas antes passando pelo escritório do Dedé
para ganhar um Sonho de Valsa.
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