Caminhão carregado de algodão em Boa Viagem-CE
Década de 1960 - Acervo de Eliel Rafael
Escravos ensacando algodão nas Antilhas Francesas
OPINIÃO DE PEDRO NUNES FILHO
Depois que postamos aqui no blog MALA DE ROMANCES o artigo "Pior que o bicudo é a preguiça", um artigo que se reporta a decadência da cultura algodoeira no Nordeste, e parte do referido texto no facebook, o escritor Pedro Nunes Filho postou o seguinte comentário:
Arievaldo, na minha região, o Cariri paraibano, o regime de meação
funcionava assim: O dono da propriedade tomava emprestado com garantia real o
dinheiro que iria necessitar para o cultivo do algodão. Semanalmente adiantava
ao morador-meeiro o suficiente para ele fazer a feira. Diariamente, o algodão
era colhido, pesado e colocado no paiol que pertencia em comum ao proprietário
e aos meeiros. No final do ano, o produto era ensacado e vendido. O meeiro
recebia sua metade, ou seja 50%. O valor adiantado para as feiras era
descontado e tudo dava muito certo. Isso significa que o meeiro tinha uma
participação um pouquinho maior que 50%, levando-se em conta que o proprietário
pagava juros ao banco do Brasil e não cobrava do meeiro. Esse era um negócio em
que o morador tinha uma participação realmente substancial no empreendimento
rural. Mais ainda, o milho, o feijão, o jerimum e a melancia que eram plantados
dentro do algodão pertenciam em sua totalidade ao meeiro, que era aconselhado a
não vender, ficando para consumo da família. O que é melhor, participar dos
lucros ou ter carteira assinada com o salário mínimo? Ou não trabalhar em nada
e participar dos programas sociais do governo?
Sim, esqueci de dizer que o proprietário entregava a terra pronta para o
plantio. A partir daí, todo o trato era de responsabilidade do meeiro. No final
da colheita, o morador botava o dinheiro no bolso, comprava roupas boas e
calçados para toda a família e ainda lhe sobrava dinheiro que ele guardava
para, no futuro, comprar uma terrinha. Os moradores trabalhadores e de
confiança eram uma sementeira de futuros proprietários rurais produtores de algodão,
o ouro-branco que era exportado para a Inglaterra, que incentivava o plantio do
algodão onde quer que houvesse espaço disponível. Essa cultura caiu por terra,
não só por conta de bicudo, mas também por causa de mudanças nas leis
trabalhistas que alteraram essa relação econômica de produção. Na década de 20,
o semiárido nordestino recebeu a visita de Arno Pearse, inglês de Manchester
especialista em algodão. Ele escreveu um livro que tenho em minha biblioteca.
Entre muitos outros aspectos postos em relevo, ele destaca a alta produtividade
e a excelência das fibras do nosso algodão, uma das mais longas do mundo, tudo
em razão do clima árido que temos.
O que anda errado na economia rural do semiárido nordestino? Se o clima é
o mesmo, o que mudou? O homem? As tecnologias do concorrentes? E a Paraíba que
fez modificação genética para produzir algodão colorido, por que essa
tecnologia não avança e produz resultados? Por quê? (PEDRO NUNES FILHO, escritor)
Mais informações sobre o ALGODÃO
Flor e casulo do algodoeiro
O algodão é conhecido do homem desde
os tempos mais remotos. A domesticação do algodoeiro ocorreu há mais de 4.000
anos no sul da Arábia e as primeiras referências históricas ao algodão estão no
Código de Manu, do século VII a.C., considerado a legislação mais antiga da
Índia. Os Incas, no Peru, e outras civilizações antigas, já utilizavam o
algodão em 4.500 a.C. Os escritos antigos, de antes da Era Cristã, apontavam
que as Índias eram a principal região de cultura e que o Egito, o Sudão e toda
a Ásia Menor já utilizavam o algodão como produto de primeira necessidade.
Trata-se de uma planta da família das
Malváceas, espécie nativa das áreas
tropicais da África, Ásia e Américas. O algodão é a matéria fibrosa que envolve
as sementes do algodoeiro e, embora macia, suas fibras apresentam boa
resistência a esforços de tração, o que permitiu sua utilização na confecção de
tecidos.
A palavra algodão deriva de Al-Kutum, na língua árabe, porque foram
os árabes que, na qualidade de mercadores, difundiram a cultura do algodão pela
Europa. Ela gerou os vocábulos cotton, em inglês, coton em francês e cotone, em
italiano.
No Brasil, na época da chegada do
colonizador europeu, os indígenas já cultivavam o algodão e usavam os fios na
confecção de redes e cobertores. Uma pintura do século XVII, feita por um
pintor holandês, retrata índios da tribo Kanindé usando plumas de algodão nas
orelhas, como ornamento. Informa-nos Joelza Esther Domingues, mestre em
história social pela PUC-SP, que esse artista holandês chamava-se Albert Eckhout (1610-1666). Ele
veio ao Brasil, em 1637, na comitiva de Maurício de Nassau. Tinha 27 anos e
aqui viveu por quase sete anos. Era pintor, desenhista de tipos e costumes,
paisagista e naturalista de excepcional domínio do traço e das cores.
Dança tapuia, quadro do holandês Albert Eckhout
Os nativos usavam também o caroço
esmagado e cozido para fazer mingau e com o sumo das folhas curavam feridas. Os
primeiros colonos chegados ao Brasil, logo passaram a cultivar e utilizar o
algodão nativo. Os jesuítas do padre Anchieta introduziram e desenvolveram a
cultura do algodão (confecção de suas roupas e vestir os índios).
Luiz Gonzaga e Zedantas, autores da música ALGODÃO
ALGODÃO – A música de Luiz Gonzaga e
Zedantas: Esse baião foi gravado originalmente em 1953 pelo próprio Luiz
Gonzaga, no lado B de um disco de 78 rotações RCA-Victor (Disco 801145), que trazia no lado A outro baião "A letra I"- da mesma parceria com Zé Dantas. Em 1959 a
música foi regravada no LP "Luiz Gonzaga canta seus sucessos com Zé
Dantas".
PARA SABER MAIS:
http://papjerimum.blogspot.com.br/2013/05/algodao-supremacia-do-algodao-moco-das.html
(Blog Papa Jerimum)
http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br/indios-brasileiros-retratados-por-um-holandes/
- Blog: Ensinar História - Joelza Ester
Domingues
Olá, gostaríamos de contactá-lo.
ResponderExcluirPode nos enviar um e-mail com seu contato: regionalcentro.comunicacao@gmail.com
Boa tarde. Nosso contato: acordacordel@hotmail.com
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