quarta-feira, 10 de abril de 2019

SAIU NO ESTADÃO...



O fim está próximo
        
Marcelo Rubens Paiva


O Sol vai derreter planetas e luas.
Galáxias vão se chocar. O Universo entrará em colapso.
O fim está próximo, e não é apenas uma previsão bíblica, mas científica.
Um meteoro dizimará a nossa espécie e grande parte da vida marinha e terrestre.
Ou será o imbatível fungo Candida auris, que ataca sem cura e se espalha silenciosamente por todo o planeta, atravessa barreiras alfandegárias, fronteiras. E mata!
A Humanidade não tem mais jeito.
E emburrecemos. Jurassicamos.
Não houve holocausto, nazismo é de esquerda, Hitler era agente de Stalin, a Terra é plana e viemos de Adão e sua costela, Eva. Que inventaram a mamadeira de piroca, para adoecer a Humanidade com um distúrbio chamado homossexualismo.
E se um homem vestido de mulher entra num banheiro em que minha mamãezinha e pobre irmã estão se maquiando, tiro ele no tapa e chamo a polícia.
No Brasil, PM agora pode matar, que o julgamento vai pra Justiça Militar. Governador manda atirar. Presidente manda liberar porte.
Falam de um tal domínio do marxismo cultural nos livros.
Querem reescrevê-los.
Não houve ditadura. Haveria, se os militares não impedissem os comunistas. É o que dizem.
Nem houve escravidão, já se disse.
O país do futuro virou o país do “parei no tempo, viva!”

“- Ustra Vive! Fleury Vive!”, foi a saudação aos dois maiores torturares da ditadura, homenageados nessa semana na Assembleia Legislativa de São Paulo.

O ex-marinheiro José Anselmo dos Santos estava na mesa de debates.

- Cabo Anselmo vive?!

Ele, o cabo Anselmo, que viveu décadas escondido, temendo ser morto pela direita (queima de arquivo) e esquerda (por traição), o agente duplo que entregou a própria mulher grávida de um filho seu à repressão política, para ser morta com seus companheiros e comandados.

O agitador marinheiro de março de 1964, acusado de ser da CIA, infiltrado da VPR, agente de Fleury: um cachorro.
Não sabia que ele está por São Paulo, participando de debates. Na Assembleia que, durante a ditadura, foi fechada, e seu deputados presos e cassados.

O evento foi organizado pelo deputado Castello Branco (PSL), sobrinho-neto do marechal Castelo Branco.

Que deve estar furioso, do túmulo, em ver as homenagens ao golpe que só foi possível graças à sua adesão de última hora, mas que foi traído pela tigrada, Costa e Silva e linha-dura, que ao invés de devolverem o poder aos civis, como combinado, ficaram mais de 20 anos nele, pintando e bordando.
Sem contar a suspeita de terem matado o marechal tio-vovô num atentado engenhoso.



O Brasil já era.
É tempo de desânimo. Venha, meteoro!
Alternem-se, polos da Terra!
Salinize-se, oceano!
Derretam-se, geleiras!
Tornem-se resistentes, bactérias!
Aumente, calor. Crie furacões. Cheguem, tsunamis!
É o juízo final
A história do bem e do mal
Quero ter olhos pra ver
A maldade desaparecer

Fonte: ESTADÃO | CULTURA

Nenhum comentário:

Postar um comentário