O fim está próximo
Marcelo Rubens Paiva
O Sol vai
derreter planetas e luas.
Galáxias vão
se chocar. O Universo entrará em colapso.
O fim está
próximo, e não é apenas uma previsão bíblica, mas científica.
Um meteoro
dizimará a nossa espécie e grande parte da vida marinha e terrestre.
Ou será o
imbatível fungo Candida auris, que ataca sem cura e se espalha silenciosamente
por todo o planeta, atravessa barreiras alfandegárias, fronteiras. E mata!
A Humanidade
não tem mais jeito.
E
emburrecemos. Jurassicamos.
Não houve
holocausto, nazismo é de esquerda, Hitler era agente de Stalin, a Terra é plana
e viemos de Adão e sua costela, Eva. Que inventaram a mamadeira de piroca, para
adoecer a Humanidade com um distúrbio chamado homossexualismo.
E se um
homem vestido de mulher entra num banheiro em que minha mamãezinha e pobre irmã
estão se maquiando, tiro ele no tapa e chamo a polícia.
No Brasil,
PM agora pode matar, que o julgamento vai pra Justiça Militar. Governador manda
atirar. Presidente manda liberar porte.
Falam de um
tal domínio do marxismo cultural nos livros.
Querem
reescrevê-los.
Não houve
ditadura. Haveria, se os militares não impedissem os comunistas. É o que dizem.
Nem houve
escravidão, já se disse.
O país do
futuro virou o país do “parei no tempo, viva!”
“- Ustra Vive!
Fleury Vive!”, foi a saudação aos dois maiores torturares da ditadura,
homenageados nessa semana na Assembleia Legislativa de São Paulo.
O ex-marinheiro
José Anselmo dos Santos estava na mesa de debates.
- Cabo Anselmo
vive?!
Ele, o cabo
Anselmo, que viveu décadas escondido, temendo ser morto pela direita (queima de
arquivo) e esquerda (por traição), o agente duplo que entregou a própria mulher
grávida de um filho seu à repressão política, para ser morta com seus
companheiros e comandados.
O agitador
marinheiro de março de 1964, acusado de ser da CIA, infiltrado da VPR, agente
de Fleury: um cachorro.
Não sabia
que ele está por São Paulo, participando de debates. Na Assembleia que, durante
a ditadura, foi fechada, e seu deputados presos e cassados.
O evento foi
organizado pelo deputado Castello Branco (PSL), sobrinho-neto do marechal
Castelo Branco.
Que deve
estar furioso, do túmulo, em ver as homenagens ao golpe que só foi possível
graças à sua adesão de última hora, mas que foi traído pela tigrada, Costa e
Silva e linha-dura, que ao invés de devolverem o poder aos civis, como
combinado, ficaram mais de 20 anos nele, pintando e bordando.
Sem contar a
suspeita de terem matado o marechal tio-vovô num atentado engenhoso.
O Brasil já
era.
É tempo de
desânimo. Venha, meteoro!
Alternem-se,
polos da Terra!
Salinize-se,
oceano!
Derretam-se,
geleiras!
Tornem-se
resistentes, bactérias!
Aumente,
calor. Crie furacões. Cheguem, tsunamis!
É o juízo
final
A história
do bem e do mal
Quero ter
olhos pra ver
A maldade
desaparecer
Fonte:
ESTADÃO | CULTURA
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