Trechos de uma entrevista de ARIEVALDO VIANA ao site CMAIS, do Portal da TV Cultura, sobre a sua participação na Flipinha de Paraty-RJ:
EXCLUSIVO
ARIEVALDO VIANA FALA SOBRE
SUA PARTICIPAÇÃO NA FLIPINHA
(Mala de Romances)
Voltado especialmente para os pequenos, a Flipinha surgiu em 2004, junto com a Flip, para ser um movimento de formação de leitores em Paraty. O ano inteiro, a ação social e educativa segue uma agenda intensa, incentivando e instigando a curiosidade das crianças para o universo mágico da literatura infantil.
Entre os dias 29 de julho e 3 de agosto, os jovens leitores de Paraty norteiam a programação da Flipinha com os temas trabalhados em sala de aula e um levantamento dos autores mais lidos por elas do acervo de 12 mil títulos da Biblioteca Casa Azul. Tudo isso junto com a participação das crianças visitantes.
O cordelista cearense da cidade de Quixeramobim Arievaldo Viana, que está a frente do projeto ‘Acorda Cordel na Sala de Aula’, estará pela primeira vez no evento. Com quase trinta livros publicados, ao longo de 10 anos de atividade, e mais de 100 folhetos de cordel, ele participará de duas mesas na Flipinha, sendo uma delas em parceria com o poeta Fábio Sombra.
O cmais conversou com o autor, que conta sobre seus projetos para levar cada vez mais cultura aos brasileirinhos, da resistência ao cordel que é feito fora do Nordeste, de sua história de vida e o que espera da Flipinha 2014.
cmais: Você já participou de alguma edição da Flip ou essa é sua primeira vez? Como é seu contato com o público infantil?
Arievaldo Viana: Trabalho com a Literatura de Cordel e livros infanto-juvenis desde o final da década de 1990 e já participei de diversas bienais e feiras de livro em diversas cidades: Fortaleza, Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Porto Alegre, dentre outras, a maioria das vezes lidando com o público infantil. É a primeira vez que sou convidado para a FLIP de Paraty e estou muito honrado com esse convite. Na verdade, eu já venho trabalhando há bastante tempo, através do projeto Acorda Cordel na Sala de Aula, ministrando palestras, oficinas, shows de declamação e os resultados são sempre favoráveis.
cmais: Você já teve algum momento marcante com os pequenos leitores?
Viana: Na Feira do Livro de Porto Alegre, por exemplo, os autores são ‘apadrinhados’ por escolas da rede estadual de ensino e contato com as crianças é algo maravilhoso. Estive, em 2012, no município de Barra do Ribeiro-RS, onde as crianças da escola que visitei transformaram três obras minhas em apresentações teatrais. Foi um momento muito marcante, com música, dança, declamações e outras atividades culturais, tendo como eixo os meus textos em cordel. Um desses textos foi “A PELEJA DE CHAPEUZINHO VERMELHO COM O LOBO MAU”, livro ilustrado por Jô Oliveira, que foi lançado numa coleção pela Editora Globo. Essa coleção inclui também “O COELHO E O JABUTI” e “JOÃO BOCÓ E O GANSO DE OURO”, todos de minha autoria. Aqui no Nordeste, tenho vários livros por uma editora chamada IMEPH, que trabalha um projeto chamado “Nas ondas da leitura”. Sempre sou convidado a participar de atividades desse projeto e o encontro com o público infantil é sempre muito marcante.
cmais: Com quantos anos surgiu o interesse pelo cordel? Conte um pouco de sua trajetória de vida no sertão do Ceará.
Viana: Antes mesmo de ser alfabetizado, aí por volta dos quatro ou cinco anos de idade, eu já havia me encantado com os folhetos da Literatura de Cordel. Tanto meu pai, quanto a minha avó Alzira tinham o hábito de ler folhetos em voz alta para um público misto, que incluía crianças e adultos.
Nesse tempo ainda não havia energia elétrica no sertão do Ceará. Só nas cidades. As comunidades rurais ainda eram iluminadas por lampiões a gás. Eu ficava encantado pelo texto agradável dos cordéis. Aquilo mexia com a minha imaginação e motivou meus primeiros passos como poeta popular. Minha primeira escola funcionava numa casinha de taipa. Éramos somente uns 10 alunos, mas o aprendizado funcionava de verdade. A leitura em voz alta, principalmente de poesia, era uma prática comum nessa escola.
Aos dez anos tive que me mudar para a cidade, a fim de continuar os meus estudos e só então tive contato com a televisão, a revista em quadrinhos e os brinquedos industrializados. Claro que isso também me influenciou, mas aquela cultura popular, típica do ambiente rural, já estava impregnada no meu processo criativo. A essa altura eu já desenhava e escrevia compulsivamente. O engraçado é que só comecei a publicar meus trabalhos no final da década de 1980 e de forma artesanal, usando, na maioria das vezes, a velha fotocopiadora. Foi o período dos fanzines e dos folhetos alternativos. Finalmente, na virada do milênio, comecei a levar a coisa mais a sério e comecei a bancar as minhas próprias edições. Esteei com um livro chamado “O baú da gaiatice”, que traz uma miscelânea de causos, anedotas, crônicas e cordéis. Essa obra foi muito bem aceita. Apesar de nunca ter saído por uma grande editora já vendeu mais de 10 mil exemplares e já está na 4a. Edição. Em 2006 recebi convite do Governo do Estado do Ceará para participar de uma coleção chamada “BAIÃO DAS LETRAS”. Foi aí que nasceu a ideia de fazer cordéis ilustrados, com capa colorida, para o público infantil. A princípio houve alguma resistência por parte do público tradicional e de alguns pesquisadores mais conservadores, mas isso foi superado porque CORDEL não é o suporte. O que caracteriza o cordel é o seu estilo literário, que é determinado por regras fixas: métrica, rima, oração etc. O “cordelivro” caiu no gosto da criançada e hoje, mais de 20 editoras de todo o Brasil trabalham com esse tipo de literatura.
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VER ENTREVISTA COMPLETA AQUI: http://cmais.com.br/flip/exclusivo/arievaldo-viana-fala-sobre-sua-participacao-na-flipinha
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