Sou um eterno apaixonado pelas coisas do sertão... Mas não é qualquer "sertão". Um recanto em particular me causa grande fascínio pela sua magia, retratos de uma infância feliz que ficaram retidos na memória. Rastros de luz que se fixaram de forma indelével nas lamparinas do juízo. O texto a seguir faz parte do livro SERTÃO EM DESENCANTO:
Sou, antes de tudo, um poeta matuto, inserido, a contragosto, num ambiente urbano, que teima em preservar as suas origens como forma de sobrevivência, de preservação da sua identidade cultural. Nem por isso sou dado à xenofobia e procuro absorver também outras culturas, palmilhar outros “sertões”, voar por outras latitudes, sem perder as minhas referências da infância e do ambiente onde fui criado. Daí ter dado preferência aos textos em Cordel, a expressão mais genuína da literatura nordestina e porque não dizer, do Brasil. Isso não quer dizer que eu não goste de escrever em prosa, técnica que também domino, num estilo, digamos, um tanto pessoal. É o que pretendo realizar neste novo projeto (a postagem é de 2014 e o livro Sertão em desencanto foi publicado no ano passado - 2016), debulhar fragmentos das minhas memórias em prosa e verso, como uma modesta contribuição para as gerações futuras.
Sou, antes de tudo, um poeta matuto, inserido, a contragosto, num ambiente urbano, que teima em preservar as suas origens como forma de sobrevivência, de preservação da sua identidade cultural. Nem por isso sou dado à xenofobia e procuro absorver também outras culturas, palmilhar outros “sertões”, voar por outras latitudes, sem perder as minhas referências da infância e do ambiente onde fui criado. Daí ter dado preferência aos textos em Cordel, a expressão mais genuína da literatura nordestina e porque não dizer, do Brasil. Isso não quer dizer que eu não goste de escrever em prosa, técnica que também domino, num estilo, digamos, um tanto pessoal. É o que pretendo realizar neste novo projeto (a postagem é de 2014 e o livro Sertão em desencanto foi publicado no ano passado - 2016), debulhar fragmentos das minhas memórias em prosa e verso, como uma modesta contribuição para as gerações futuras.
Neste último final de semana, estive revendo velhas paisagens, serranias, morros e várzeas tostados pela seca, o vigor do juazeiro se sobressaindo na caatinga e desafiando a inclemência do sol. Seguem alguns versos que fiz inspirado neste cenário de luz...
O MARCO CIBERNÉTICO
DO REINO DOS TRÊS MONÓLITOS
Autor: Arievaldo Viana
Nos sertões do Ceará
Há mais de
cinco milênios
Havia um
reino imponente
Obra de
fadas e gênios
Com três
castelos vistosos
Quais
luminosos procênios.
Nesse tempo
tão distante
O índio
selvagem, inculto,
Que habitava
essas terras
Um dia
avistou um vulto
De uma
grande espaçonave
Conduzindo
um povo culto.
Vinha de
outra galáxia
Aquela
grande astronave
Pousou em
nosso planeta
A fim de
trazer a chave
De grandes
conhecimentos
Mas padeceu
um entrave.
Os índios
ficaram atônitos
Com a súbita
aparição
Pois
julgavam que Tupã
Vinha no
grande clarão
Na sua rude
linguagem
Buscavam uma
explicação.
Vinham
naquela missão
Engenheiros,
cientistas,
Sacerdotes,
artesãos,
Astrólogos e
alquimistas
Matemáticos
e geólogos
Poetas e
repentistas.
Olhando o
povo atrasado
Que habitava
o lugar
Com muito
zelo e cuidado
Quiseram os
ensinar
Mas aquela
raça inculta
Nada pôde
assimilar.
Exilados
neste mundo
Sua
tecnologia
Mostrou-se
pouco eficaz
E recorreram
à magia
Para
encantar os três reinos
Que aqui
fundaram um dia.
Cristalizaram
os castelos
Com tudo que
existia
Uma camada
de rocha
Fruto de
grande magia
A sua
esplêndida aparência
Ocultava e
revestia.
Três
monólitos de pedra
De
assombrosa semelhança
Ocultaram os
três castelos
Dos quais só
resta a lembrança
No verso dos
trovadores
Do reino da
Esperança.
(...)
Clique nas fotos para ampliar
SOBRE A SERRA DOS TRÊS IRMÃOS,
É OPORTUNO ACRESCENTAR:
Dom
Antônio de Almeida Lustosa, em seu livro Notas
a lápis visitando a capela da Caiçarinha, que ficava na divisa dos
municípios de Canindé e Quixadá (hoje pertence a Choró Limão), traz algumas
informações sobre os serrotes Três Irmãos. Um fato curioso é anotado pelo
arcebispo em visita pastoral em fins da década de 1940. A capela e a povoação
ficavam no lado de Canindé, mas o cemitério ficava no território de Quixadá e
os cidadãos daquela localidade passavam a “morar” no outro município depois que
morriam. Ele fala também de um cruzeiro erguido na fronteira, em 1918, para
comemorar o centenário de criação da Paróquia de São Francisco das Chagas de
Canindé, ocorrida em 1817.
Deixando
a Caiçarinha, Dom Lustosa passou pela ladeira do Pitanguá e pelos Três Irmãos,
que naquela época, segundo atesta o arcebispo, ficava na divisa de quatro
paróquias: Canindé, Madalena, Quixeramobim e Quixadá. Os velhos monólitos
impressionaram o religioso: “Diante dos nossos olhos aparece a Serra dos Três
Irmãos. É-nos preciso subir agora uma forte ladeira – do Pitanguá. Os Três
Irmãos são três cabeços de serra bem próximos e semelhantes. Parecem as ameias
de um castelo de gigantes. Podem ser vistos de longe e não se confundem com
outras serras. Por isso servem de baliza até para aviadores. Ao passarmos ao pé
dos Três Irmãos, nos informam que ali há petróleo... e que as chuvas sempre dão
preferência aos Três Irmãos.”
Se
há realmente petróleo não se sabe, mas na década de 1970 houve grande
movimentação de geólogos e outros técnicos na ladeira da Esperança e Três
Irmãos. Próximo a região, a oeste, fica a jazida de urânio de Itataia, na
divisa de Itatira com Santa Quitéria.
Ao
sul, não muito distante dos Três Irmãos, fica a Serrinha do Teixeira, onde
supostamente ocorreu um teste nuclear clandestino no dia 06 de agosto de 1957,
fato já noticiado na imprensa através de denúncias feitas pelo padre Ricardo
(Richard Cornwall), sacerdote norte-americano que foi vigário de Madalena. A
incidência de casos de câncer naquela região é algo espantoso, pois a área em
redor já era densamente povoada quando aconteceu este fato. As pessoas mais
velhas ainda guardam na memória esse episódio que teria iniciado com uma
explosão seguida de forte clarão. Muitos pensavam que era o fim do mundo e
desandaram a rezar. De fato precisavam mesmo da proteção divina.
(In Sertão em desencanto - Arievaldo Vianna)
POST SCRIPITUM
CENAS DO SERTÃO DE HOJE EM DIA
(Na minha opinião está cada vez melhor)
Fotos: Autemar Vianna
Casa construída pelo nosso bisavô Olympio Vianna, em 1925.
Aqui nasceu o tio José Bruno Vianna
Roçado do Ti Liu, tendo ao fundo a Serra da Cacimba Nova
Seu Luiz, comi seu milho. Agora, peado de pé e mão, não como mais.
Luiz Gonzaga Viana - Ti Liu, um HERÓI SERTANEJO, viu?
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