quarta-feira, 8 de abril de 2015

CORDEL EM RECIFE


 
RELATÓRIO DE ATIVIDADES NAS ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO RECIFE-PE

Por: Arievaldo Vianna

 A Editora Imeph, através do projeto “Nas Ondas da Leitura”, vem desenvolvendo um trabalho magnífico na formação de jovens leitores em diversos municípios nordestinos. Desde que começou a publicação de livros infanto-juvenis, por volta de 2005, essa editora vem se firmando como uma das melhores do gênero. Logo em 2006 tivemos a sorte de termos um livro incluído no PNBE – Programa Nacional da Biblioteca da Escola, do MEC, justamente uma obra de minha autoria, intitulada “A raposa e o canção”, que havia participado de um projeto anterior do Governo do Estado do Ceará intitulado “Baião das Letras”. Naquele ensejo, publicamos mais dois “cordelivros” ilustrados – “O Pavão Misterioso” (releitura da obra de João Melchíades e José Camelo Rezende) e “O Bicho Folharal”, um conto popular que meu avô gostava de repassar para os netos no alpendre da casa grande da fazenda Ouro Preto, Sertão do Central, onde vivi meus verdes anos.
O sucesso de meus trabalhos pela Editora IMEPH motivaram convites de outras editoras para adaptação de clássicos da literatura brasileira e universal para a linguagem do cordel, além de textos originais ou baseados em lendas populares que logo se firmaram no gosto de estudantes e educadores de todo o Brasil, resultado em diversas inclusões no Catálogo da Feira Internacional de livros infanto-juvenis da Bolonha-Itália e mais 4 inclusões no PNBE, além do selo “Altamente recomendável”, da FNLIJ, presente em algumas obras. Enquanto isso, a editora IMEPH não parou de crescer e se firmar com uma grande empresa do mercado editorial, graças à qualidade de seus autores e ao dinamismo de sua equipe, que tem a frente a incansável Lucinda Azevedo.
Em março deste ano, recebi convite da Editora IMEPH para realizar um trabalho de visitação às escolas da rede municipal de ensino de Recife-PE, onde o projeto “Nas ondas da leitura” chegou com força total, espalhando milhares de “kits” com livros paradidáticos para várias faixas de público, desde as séries iniciais a adolescentes das séries mais adiantadas e até mesmo alunos do EJA.
A missão que me foi confiada foi cumprida à risca e com todo o empenho e dedicação que costumo empregar em atividades desse porte. Logo na primeira escola visitada, em companhia da coordenadora pedagógica Michelly Almeida, percebi que o mestre Ariano Suassuna, incansável defensor da cultura popular e da literatura de cordel foi escolhido pela Secretaria de Educação do Município de Recife para ser o PATRONO do ano letivo no que se refere à difusão da prática da leitura. Como se diz na linguagem popular corrente, “caiu a sopa no mel”. Além de participar e palestras, recitais e sessões de autógrafos do livro “O pavão misterioso”, uma das obras selecionadas para o projeto, discorri também sobre a obra de Suassuna, com ênfase no seu trabalho mais conhecido – O AUTO DA COMPADECIDA que é inteiramente baseado em diversos folhetos da chamada Literatura de Cordel, a saber: O Dinheiro (Testamento do Cachorro) e O cavalo que defecava dinheiro, ambos de Leandro Gomes de Barros, além de “As proezas de João Grilo”, de João Ferreira de Lima e “O castigo da soberba”, de Manoel Vieira do Paraíso. Ora, João Grilo foi o primeiro anti-herói que conheci na minha infância, antes mesmo de aprender as primeiras letras. Quando fui alfabetizado por minha avó paterna, Alzira de Sousa Lima, logo decorei diversas estrofes do folheto de João Grilo, que ainda hoje declamo com desembaraço nas minhas apresentações, para deleite das novas gerações, inclusive aquelas que não têm intimidade com o cordel.
As escolas visitadas, durante os três dias em que permaneci na capital pernambucana foram: Arraial Novo Bom Jesus, Osvaldo Lima Filho, Dom Bosco e Nadir Colaço. Em todas elas, sem exceção, houve excelente acolhida por parte dos educadores e notável interesse por parte dos estudantes, que acompanharam com interesse a palestra, fazendo perguntas sobre o livro em questão e querendo saber mais sobre as atividades de um escritor, suas fontes de inspiração e metodologia de trabalho. Note-se que, infelizmente, não é comum que autores visitem escolas públicas, fato que por si só, já diferencia positivamente o trabalho realizado pela Editora IMEPH.
Além da ótima orientação da equipe local (Amelinha, Thays, Rouxinol e Márcia) eu quero ressaltar a boa acolhida da equipe de Pernambuco (Rodrigo, Michelly, Alessandro e Carlinhos) que deram todo o suporte para que o trabalho se realizasse da melhor forma possível. Soube que o projeto está sendo expandido para outros municípios pernambucanos como Jaboatão, Cabo de Santo Agostinho, Garanhuns etc, o que contribui para a consolidação do projeto “Nas ondas da leitura” em nosso estado vizinho. Espero retornar outras vezes a Pernambuco e ter muitas outras obras trabalhadas junto aos estudantes daquela região. 

Fortaleza, 08 de abril de 2015
 
 

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