“Jô Soares e
o puxador de riquixá”
Por Bruno
Paulino
Jô Soares é atualmente
um dos mais populares artistas do Brasil tanto no teatro como na televisão.
Tenho recordações que no seu extinto programa de entrevistas no fim da noite –
O Programa do Jô – com seu fino humor, vez ou outra o humorista fazia uma piada
com Quixeramobim. Isso nunca me incomodou, ficava até orgulhoso de ver minha
cidadezinha do interior do Ceará ser citada na televisão mesmo que de forma
jocosa.
Recentemente Jô Soares
lançou o primeiro volume de sua autobiografia “desautorizada”, O Livro de Jô.
De agradável leitura narra casos e episódios de sua vida, e conta uma história
engraçada que muito me chamou a atenção. Eis o caso:
Um tio seu, médico,
Dr. Pedro Eugênio Soares, se formou no Rio de Janeiro e fez carreira
diplomática. E em 1926, aceitou uma missão para um lugar remotíssimo, que as
pessoas conheciam muito pouco, a embaixada brasileira em Pequim. Um dia na
capital chinesa Dr. Pedro Eugênio – o tio de Jô Soares – pegou um riquixá,
conta. Com o insuportável e intenso calor chinês não resistiu e soltou um
palavrão em português. Então, para sua surpresa, o cara que estava puxando o
riquixá olhou para trás e perguntou:
– Brasileiro?
– Sim – respondeu o
tio de Jô Soares.
– E você de onde é?
Emendou a pergunta.
– Sou Cearense de
Quixeramobim. Isso aqui tá muito melhor! Respondeu satisfeito o puxador de
riquixá.
Jô Soares termina de
contar o causo se perguntando como um cearense foi parar na China naquela época
e que tipo de vida levava em Quixeramobim para achar que puxar um riquixá para chineses
fosse o paraíso comparado a viver na cidade?
Enfim, depois da
reflexão de Jô Soares confesso que fiquei me perguntando se nos dias de hoje é,
de fato, bom morar em Quixeramobim ou seria melhor puxar um riquixá para
chinês?
p.s: O riquixá é um meio
de transporte de tração humana em que uma pessoa puxa uma carroça que pode
transportar até duas pessoas.
***
Bruno Paulino
é cronista e aprendiz de poeta
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