quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

MERECIDA HOMENAGEM



EVALDO LIMA, CIDADÃO CANINDEENSE

Por iniciativa do vereador Francisco de Assis Rodrigues Vieira a Câmara Municipal de Canindé aprovou título de Cidadania Canindeense para meu pai, Francisco Evaldo de Sousa Lima, poeta popular e apologista da Cantoria e da Literatura de Cordel.


(Na foto ao lado, o vereador Assis Vieira, com a filha Geórgia)




Francisco Evaldo de Sousa Lima nasceu no dia 07 de maio de 1941, em Cacimba Nova (Quixeramobim). É o terceiro filho do casal Manoel Barbosa Lima e Alzira Vianna de Sousa Lima. Vovô só o chamava de Vadinho... Teve pouquíssima instrução. Só frequentou a escola até o terceiro ano primário, mas é dotado de uma aguda inteligência e grande sensibilidade para a poesia, sobretudo a que chamamos poesia popular, dos cantadores, glosadores e poetas de cordel.

Mesmo com a pobreza e as dificuldades enfrentadas por seus pais ao longo da década de 1940, quando viveu a sua infância, Evaldo guarda boas lembranças desse período. Filho de pais laboriosos, aos poucos as coisas foram melhorando. Quando saíram do Castro para o Ouro Preto, meus avós começaram a prosperar, principalmente depois que vovô começou a investir no ramo comercial, com uma pequena bodega, sem se descuidar, contudo, da agricultura e da criação de um pequeno rebanho de gado e ovelhas.


O casal Evaldo Lima e Hathane Vianna, foto: Karam

Papai sempre foi amigo da leitura e, com seu exemplo, nos serviu de estímulo para que fôssemos amigos dos livros. Como bom autodidata, retém muitos ensinamentos e os transmite através de uma prosa fluente e agradável, entremeada de glosas e citações que aprende no que observa da vida e nas obras que lê.

Sertanejo autêntico, nascido no tempo da lamparina, teve nos pais o modelo de ética e virtude que adotou por toda a sua vida. Homem simples, trabalhador, não desperdiçava suas horas de folga com tolices, preferindo sempre a leitura de bons livros que sempre buscou adquirir. Ainda no sertão, na fazenda Ouro Preto, onde casou –se com Hathane Maria Vianna Lima e viu nascer os cinco primeiros filhos: Arievaldo, José Itamar, Marcos Aurélio, Francisco Autemar e Antônio Clévisson (Klévisson Vianna), costumava reunir a prole no final da tarde para um recital de poesia ou leitura de livros e folhetos de cordel. Um de seus prediletos era o livro “Poetas Populares e Cantadores do Ceará”, do mestre Alberto Porfírio.

Passou a residir em Canindé em janeiro de 1980. Em 1985 nasceu sua única filha, Francisca Evanda, no Hospital Maternidade de Canindé. Ali atuou muitos anos como agricultor e pequeno comerciante. Atualmente, com 78 anos e já aposentado, ainda planta todos os anos um pequeno roçado de onde colhe milho e feijão no tempo da safra.

Uma pequena amostra de sua prosa foi registrada pelas câmeras da TV Assembléia, através do documentário “Heranças Preciosas”, realizado em 2015, com roteiro de Ângela Gurgel, produção de Ana Célia Oliveira e direção de Augusto Bozzo. Durante o período de gravação das imagens, surpreendi-me com sua desenvoltura, pois imaginava o contrário, que ele não renderia diante das câmeras uma conversa segura e espontânea como a que apresentou, ao longo de todo o seu depoimento.




Francisco Evaldo reside em Canindé desde janeiro de 1980, para onde se mudou com a família em busca de estudo e melhores oportunidades para a sua prole. É pai dos poetas e artistas gráficos Arievaldo e Klévisson Viana.

A solenidade de entrega do título de CIDADÃO CANINDEENSE ocorrerá amanhã, 20 de dezembro, às 18 horas, no IFCE - Canindé.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Cordelteca na CASA DO CANTADOR - CEILÂNDIA-DF


Cordelteca João Melchíades Ferreira é inaugurada na Casa do Cantador da Ceilândia-DF


Fotos: Casa do Cantador / Agência Brasília

Com acervo destinado à literatura nordestina, espaço é aberto com cantorias e poemas do gênero

AGÊNCIA BRASÍLIA*

A manhã da última quarta-feira (11 de dezembro) foi marcada por apresentações de repentes e declamações de cordéis na inauguração da “Cordelteca João Melchiades Ferreira” na Casa do Cantador.  A abertura do espaço dedicado exclusivamente à literatura nordestina, iniciativa da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec), reuniu autoridades e comunidade que celebraram em clima especial a tradição popular.

A cordelteca já nasce sendo considerada como um dos maiores centros literários exclusivos para a narrativa que conta as histórias do homem do sertão. Com um acervo que contabiliza cerca de 1500 livros e livretos arrecadados por escritores e entusiastas da literatura do gênero, a biblioteca de cordel teve todas as suas obras catalogadas pelo Sistema Integrado de Bibliotecas, que possibilita consulta e reserva dos exemplares pela internet.


Bibliotecária Aline Ferrari, idealizadora da CORDELTECA


“É de uma imensa felicidade anunciar que a nossa Cordelteca da Casa do Cantador será um dos maiores espaços de literatura nordestina do país”, comemorou Aline Ferrari, gerente de acervos da subsecretaria do Patrimônio Cultural da Secec.

Segundo o administrador de Ceilândia Marcelo Cunha, é muito importante ver a Casa do Cantador em pleno funcionamento, de um modo organizado e alegre, assim como são os costumes do povo nordestino.

“É uma honra receber esta inauguração em minha gestão como administrador da Ceilândia. Agradeço ao secretário Adão Cândido por uma inciativa que valoriza a tradição de uma das cidades com a maior cultura nordestina presente no do Distrito Federal”, completou.


Painel do artista plástico VALDÉRIO COSTA, na Cordelteca da Ceilândia


Homenagem e reconhecimento

Nomeada de João Melchíades Ferreira da Silva (1869-1933), a Cordelteca presta homenagem a um dos cordelistas mais populares do país. O poeta e romancista paraibano é autor de uma das versões mais populares de cordéis, o “Romance do Pavão Misterioso”.

O espaço literário ainda ganhou como decoração um painel do artista plástico Valdério Costa, com xilogravuras que incluem a representação do personagem mais marcante da carreira do escritor homenageado, o pavão.

O secretário Adão Cândido manifestou otimismo e alegria pela importante entrega à população nordestina presente no Distrito Federal, que tem como uma de suas principais referências culturais a Casa do Cantador, única obra de Oscar Niemeyer fora do Plano Piloto.

“Esse local tem como papel homenagear a cultura fundante da nossa capital. O cordel se preservou na cultura nordestina e veio com os fundadores da nossa cidade. Para nós, é uma grande honra celebrar essa inauguração, e tenho como compromisso da gestão manter viva a tradição desta casa”, contou.


J. Borges, Valdério Costa e Arievaldo Vianna, ocupante da cadeira 
40 da ABLC, cujo patrono e João Melchíades Ferreira.


Um dos responsáveis pela intervenção da Secec, o subsecretário de Patrimônio Cultural Demétrio Carneiro explicou que a criação de uma biblioteca especializada valoriza toda a comunidade local, que tem entre seus fundadores os candangos da Região Nordeste do país.

“Esta iniciativa, além de valorizar a tradição nordestina latente no Distrito Federal, estimula a formação de cordelistas da nova geração. Este projeto funciona como estratégia para a valorização da cultura nordestina”, celebrou.

* Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa


segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

ADEUS A PAULO NUNES BATISTA



Faleceu o cordelista Paulo Nunes Batista

O corpo foi velado no Velório São Sebastião e o enterro aconteceu hoje 02/12 no Cemitério Parque de Anápolis

Faleceu na manhã deste domingo, 01 de dezembro, aos 95 anos, o poeta e escritor Paulo Nunes Batista (PNB). Ele se encontrava hospitalizado há cerca de um mês.
Natural de João Pessoa, na Paraíba, PNB deixou sua terra na adolescência, indo para o Rio de Janeiro e depois morando em cerca de vinte cidades brasileiras até se radicar em Anápolis a partir de 1950.
Em terras goianas tornou-se funcionário público estadual e membro da Academia Goiana de Letras.
Sua atuação literária advém de sua família; tanto pelo lado paterno quanto materno seus ancestrais eram ligados à cantoria e ao cordel.
Seu pai, Francisco das Chagas Batista (1882-1930) foi editor e livreiro na capital paraibana.
PNB era viúvo. Deixa filhos, netos e bisnetos. O corpo foi sepultado no Cemitério Parque de Anápolis.




ALGUNS FOLHETOS DO POETA