segunda-feira, 25 de novembro de 2019

IV FliAce




IV Festa Literária da Associação Cearense de Escritores homenageia Raimunda Tapeba e ancestralidades

Por Diego Barbosa | Caderno VERSO | Diário do Nordeste

Evento acontece a partir desta segunda-feira (25) e segue até sexta (29), abraçando diferentes expressões da literatura


Mestra da Cultura e Pajé Raimunda Tapeba é a patronesse da IV FliAce, onde participará de alguns momentos Foto: Helene Santos

Foi dentro da mata, junto ao verde, que Raimunda Rodrigues Teixeira cresceu. À época da mocidade, banhava-se no rio limpo, caçava caranguejo para comer e ornava a cabeça com coloridos penachos. Era também ali, no seio da natureza, que ela ouvia e contava histórias. Primeiro, num movimento de conhecer as próprias origens; e depois, com a missão de repassá-las às novas gerações, perpetuando as leituras dos povos da terra sobre a vida, o meio e o mundo.
A força com a qual expressava saberes logo traduziu-se em reconhecimento: tornou-lhe a primeira mulher a ocupar o papel de pajé numa etnia indígena no Ceará. Fez-lhe igualmente Raimunda Tapeba, Mestra da Cultura e líder de uma comunidade estimada em oito mil habitantes. Vivem às margens do rio Ceará, em Caucaia, e têm a memória, os costumes e as lendas, passadas de geração em geração, como armas para preservar aquilo de mais precioso: a ancestralidade.
É sobretudo essa sabedoria dos livros vivos que ganhará destaque na IV Festa Literária da Associação Cearense de Escritores (FliAce), evento que se inicia hoje (25) e segue até sexta-feira (29), no Shopping Benfica. A ação elege como patronesse desta edição exatamente Raimunda Tapeba – que ontem completou 75 anos de idade – e, consequentemente, toda a herança milenar carregada no semblante ativo, forte e inspirador.
“Vários nomes vivos e de destaque na literatura e cultura cearense foram sugeridos e, após algumas reuniões, a escolhida foi uma Pajé Tapeba. Sem holofotes. Sem palco. Sem aplausos. Uma líder indígena de um povo perseguido e que vem sendo exterminado física e culturalmente há séculos. Essa escolha foi um belíssimo rompimento”, explica Silas Falcão, presidente da Associação Cearense de Escritores e um dos componentes do corpo curatorial da festa.
Com ele, outros nove profissionais da palavra organizaram uma programação cujo recorte prima pela pluralidade ao determinar como tema do evento “Inclusão Cultural, Tradição e Oralidade”.



Escritor Antônio Ferreira de Miranda é uma das atrações da FliAce

O fazendário e conselheiro fiscal do Sintaf, Antonio Miranda, lançará na próxima quarta-feira (27/11), na IV Festa Literária da Associação Cearense de Escritores (FliAce), o seu mais recente livro, “O derradeiro fôlego do tempo”. O lançamento acontecerá às 19h, no Shopping Benfica, com mediação do escritor e cordelista Arievaldo Vianna


* * *


ABRANGÊNCIA

Entre as atividades planejadas, acontecendo diariamente entre 10h e 22h, estão lançamentos de livros, palestras, mesas, encontros e diálogos. A Feira do Livro e o Palco Aberto são fixos, e uma profusão de apresentações musicais contemplando músicas africanas e cantos indígenas ganhará maior amplitude nos dias.
Convém também demarcar espaços de trocas a respeito de temáticas cada vez mais sintonizadas com a contemporaneidade. Discussões sobre o sertão, a relação entre literatura e mídias sociais e o lugar da mulher integram esse panorama. Sobre este último assunto, a mesa “Mulheres-crônicas-cotidiano”, com mediação de Cleudene Aragão, reunirá fortes nomes para ecoar impressões.
 “Vamos conversar sobre o narrar o cotidiano, aquilo que parece banal. O detalhe perdido, mas capturado pelo olhar da mulher; o evocar lembranças e o retratar de uma janela à luz da escrita de nossas vivências”, situa a poeta Mika Andrade, uma das participantes do encontro.
Por sua vez, um dos curadores da FliAce, José Rubens Venceslau, reitera a organicidade da iniciativa. “Sempre procuramos nos pautar dentro de um contexto atual, nunca repetindo um mesmo autor, lançamento, palestra ou qualquer outro tema contemplado anteriormente. Buscamos o debate de situações que se mostram pertinentes, com vistas à necessidade social que ora se vive”.
Os pontos mencionados ganham ainda maior alcance frente às homenagens que o evento reserva. Haverá certificação de Raimunda Tapeba; entrega do Troféu Mandacaru à Casa de Juvenal Galeno, pelo centenário; e entrega da placa Procura de Poesia à primeira vice-presidente da ACE, Eudismar Mendes. Os autores indicados ao Prêmio Jabuti neste ano igualmente receberão honrarias.
 “Nos cinco dias de programação, o novo que não acontece em eventos culturais estará sempre presente na festa”, conclui Silas Falcão.

Serviço

IV Festa Literária da Associação Cearense de Escritores (FliAce)
De hoje (25) a sexta-feira (29), das 10h às 22h, na Galeria BenficArte, no Shopping Benfica (Avenida Carapinima, 2200 - Benfica). Gratuito. Contato: (85) 3243-1000

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

ACORDA CORDEL EM BOA VIAGEM



Oficina do Projeto Acorda Cordel no município de Boa Viagem-CE



Em dezembro de 2011, a convite do prefeito Fernando Assef e da Secretária de Educação e Cultura professora Lucirene Castelo Branco o escritor Arievaldo Vianna realizou oficina de capacitação do projeto Acorda Cordel na Sala de Aula para 40 professores da rede municipal de ensino. O aproveitamento foi espetacular.
Apesar de ter apenas 08 horas de duração, o monitor conseguiu transmitir um pouco da história da literatura de cordel, suas regras básicas, sua influencia nas outras artes (música, cinema, teatro etc) e ainda foi produzido um folheto coletivo contando a história do município de Boa Viagem desde a sua fundação até os dias atuais.



UMA CIDADE QUE NASCEU DE UM ROMANCE

Boa Viagem começou de uma grande história de amor... Em meados do século XVIII, o casal Domingues e Agostinha, como no famoso “Romance de Mariquinha e José de Sousa Leão”, teve de fugir para se casar. Levavam em sua companhia apenas uma escrava, ama de leite de Agostinha e eram perseguidos tenazmente por um grupo de jagunços que estava sob o comando do pai da moça. Num dado momento, Domingues teve que deixar a noiva e a criada num local que julgava seguro para ir até certa cidade (uns afirmam que foi Recife, mas é improvável, devido a distância e os meios de transporte da época) para buscar uns documentos a fim de realizar o matrimônio. Quando retornou ao esconderijo, Agostinha estava faminta e assustada e a pobre escrava havia sido devorada por uma onça perigosa.



NOVA FUGA E A PROMESSA REDENTORA

 Fugiram mais uma vez, perseguidos pelo grupo de cangaceiros, até que o cavalo em que viajavam cansou e morreu na beira de uma lagoa... Segundo os historiadores, essa lagoa situava-se no lugar onde hoje encontra-se erguida a igreja matriz de Boa Viagem. A construção da referida capela foi uma promessa de Domingues e Agostinha com Nossa Senhora da Boa Viagem. Foram atendidos, pois uma febre começou a dizimar o grupo perseguidor que acabou desistindo da perseguição. Os detalhes dessa história fantástica estão minuciosamente descritos no folheto coletivo produzido na oficina.

Todos os participantes da oficina receberam um kit contendo o livro ACORDA CORDEL, o CD com 10 faixas (tiragem feita especialmente para esse evento) e caixa com 12 folhetos de vários autores. Fizemos a leitura coletiva do folheto "A intriga do cachorro com o gato" e explicamos a diferença entre CORDEL e POESIA MATUTA. Os professores se encantaram com a declamação do poema "EU E MARIA" do poeta Geraldo Amâncio, que coincidentemente nos ligou no momento da oficina dizendo que estava assistindo entrevista de Arievaldo Viana na TV Cultura.

Destaque para o poeta Toinho, já traquejado na arte do verso, autor de estrofes como esta que veremos a seguir:

"Se eu fosse o presidente
Deste país tropical
Eu baixaria um decreto
De valor fenomenal
4 dias de quaresma
40 de carnaval."

Segundo Toinho, o vigário é que não gostou muito da idéia...


INTERESSADOS EM CONTRATAR UMA OFICINA DO 

PROJETO ACORDA CORDEL devem entrar em contato conosco

 através do e-mail:  acordacordel@hotmail.com




Roques Mateus do Rio São Francisco
Literatura de Cordel

Autor: Leandro Gomes de Barros
Categoria: Literatura de Cordel
Formato: .pdf
Tamanho: 1,11 MB