São Francisco de Canindé na Literatura de Cordel
O segundo livro que publiquei, no distante ano de 2002, pelas Edições
LIVRO TÉCNICO, foi um ensaio sobre a presença de São Francisco das Chagas de
Canindé na Literatura de Cordel. Muito me honram os textos escritos por Ribamar
Lopes e Audifax Rios, dois amigos diletos que já partiram para o plano superior, sobre essa pesquisa que me custou tantas horas de empenho
e dedicação.
A religiosidade é talvez o filão que
mais alimenta a poesia popular. A bíblia e as lendas piedosas tiveram traduções
as mais variadas na Literatura de Cordel. E diversas também são as versões da
eterna luta entre Deus e o Diabo. Esta tendência faz com que a literatura em
torno de São Francisco seja proporcional à romaria em Canindé, comparando-se,
por exemplo, a Juazeiro do Norte. Em 2002, fizemos um resgate dessa
esta trajetória do cordel em torno do "Pobrezinho de Assis/Canindé".
Os muitos folhetos que circularam (e ainda circulam) tendo São Francisco como
tema, abordam os mais diferentes aspectos – romarias, milagres, castigos,
exemplos e até humor, caso do folheto dá conta de sua viagem ao Piauí. O livro
resgata também a presença milagrosa do culto franciscano na Amazônia, a fuga do
santo para a Itália em lombo de jumento e até uma visita imaginada por Gonzaga
no "Encontro de São Francisco com o Padre Cícero em Canindé". Em suma,
trata-se de um livro indispensável para os estudiosos da Literatura de Cordel.
Vejamos a seguir, trechos do prefácio escrito pelo saudoso Ribamar Lopes e a
apresentação de Audifax Rios:
"... São Francisco de Canindé na
Literatura de Cordel é um ensaio bem estruturado, fundado na pesquisa e na
análise cuidadosa, arrimadas, estas, não apenas na apreciação e no estudo dos
textos coletados, mas também na observação do autor como testemunha de
demonstrações desta realidade. O exaustivo trabalho de pesquisa e análise, a
investigação sobre os motivos e origens dos textos referidos, a cuidadosa
resenha sobre os autores e até a crítica bem propositada, espontânea e corajosa
com que se acham pontilhados os comentários neste ensaio, conferem a Arievaldo
Viana a autoridade de estudioso, que antes de se pretender ensaísta já era
bastante conhecedor da Literatura de Cordel."
Ribamar Lopes
Ribamar faz a apresentação do livro no lançamento do Dragão do Mar
O CANTO DA OUTRA MECA
Mestre Audifax nos brindou com um lindo prefácio
A religiosidade é talvez o filão que
mais alimenta a poesia popular. A bíblia e as lendas piedosas tiveram traduções
as mais variadas na Literatura de Cordel. E diversas também são as versões da
eterna luta entre Deus e o Diabo.
Representantes do reino divino têm
lugar de destaque nesta antologia sagrada: Padre Cícero, Frei Damião, Frei
Vidal da Penha, Padre Ibiapina e São Francisco das Chagas. Mais precisamente,
de Canindé. Que tem em Clóvis Pinto, Raimundo Marreiro, Gonzaga de Canindé,
Batista de Sena, Lucas Evangelista, Aleuda Viana, Moisés Moura, alguns de seus
biógrafos. Razão sobeja para Arievaldo Viana propor o “Ciclo Franciscano” na
classificação da poesia do povo.
A literatura em torno de São
Francisco é proporcional à romaria, comparando-se, por exemplo, a Juazeiro do
Norte. Onde Padre Cícero ainda está vivo na memória de muitos e nascido em
nosso sertão. São Francisco, importado por Canindé, com uma população de
devotos numericamente inferior, não perde em importância histórica e social.
Arievaldo Viana, exaustivamente,
resgata a trajetória do cordel em torno do Pobrezinho de Assis/Canindé, dá
conta de sua viagem ao Piauí, sua presença milagrosa na Amazônia, sua fuga para
a Itália em lombo de jumento. E até uma visita imaginada por Gonzaga no
“Encontro de São Francisco com o Padre Cícero em Canindé”.
O autor busca em seu trabalho a
presença do santo nos folhetos exemplares e de encantamento e até nas previsões
astrológicas “ditadas” durante anos a João Carneiro Filho.
E não para aí a crescente produção de
publicações alusivas à vida e aos milagres de São Francisco, de
responsabilidade de uma nova geração de cordelistas canindeenses encabeçada por
Klévisson Viana, Pedro Paulo Paulino, Natan Marreiro, Jota Batista, Gilvandias
Mateus e o próprio autor deste valioso trabalho. Que queimou pestanas em nada
menos de sessenta itens sobre o tema, entronizando São Francisco no altar dos
milagreiros do cordel.
“São Francisco na Literatura de
Cordel” vem fartamente ilustrado com capas de folhetos, na maioria contendo
belas xilogravuras. Além disso Arievaldo Viana nos brinda com quatro textos
integrais, dentre eles o clássico de 1952 “Um Grande Milagre de São Francisco
do Canindé” de autoria de Manoel Camilo dos Santos.
Audifax Rios