Novo livro
do escritor Bruno Paulino é destaque
no CADERNO VERSOS do DN
Por Diego
Barbosa
“Pequenos assombros” reúne dez contos
ambientados no sertão com temática sobrenatural
O misticismo de um sertão sobrenatural invadiu o Centro
Educacional Sesc Ler na noite da última terça-feira (20/11), em Quixeramobim,
durante o evento Bazar das Letras. É lá que acontecerá o lançamento do livro
“Pequenos assombros”, do escritor e professor Bruno Paulino, a partir das 20h.
A obra, publicada pela Luazul Edições, prima por um recorte sombrio,
recuperando ambientações e figuras do imaginário popular presentes nas
histórias de terror que crescemos escutando.
Por sinal, os detalhes de frontal diálogo com o lúgubre já
aparecem na capa do exemplar, assinada pelo poeta Arievaldo Vianna. À luz de um candeeiro, se sobressai o breu, a
engolir nossos medos e angústias perante o desconhecido. Conforme justifica o
autor, “sempre ouvi muitas histórias de Trancoso, de visagens… Sempre fui um
menino antigo nesse sentido”.
“Era um sentimento curioso o de ouvir, sobretudo meu avô
Luís, contar essas histórias, pois eu morria de medo, mas sempre ficava atento
quando ele começava a contar alguma história de alma e ia dormir depois rezando
a Deus que me livrasse de encontrar uma visagem pelas veredas”, completa. A
influência do avô foi tão grande que Bruno dedicou o livro a ele, inclusive,
contando ainda com prefácio de Carlos Vazconcelos e posfácio do poeta Léo
Prudêncio.
As referências do escritor, contudo, ultrapassam os laços de
família. Nomes como Stephen King, Edgar Allan Poe e HP Lovecraft exercem grande
peso sobre a carreira de Bruno, entusiasta das narrativas bem contadas, o que
esclarece o investimento, neste novo trabalho, em personagens como lobisomens e
fantasmas, personagens canônicos ligados ao horror.
Indagado sobre o porquê de se debruçar sobre essas figuras na
obra, o autor é enfático: “Acho que o filão artístico dessas histórias não está
esgotado e penso que o diferencial do livro se dá justamente no modo de contar.
Como sou um escritor de meu tempo, também sou fruto de outras referências da
literatura do terror mais contemporâneo e, por vezes, até da cultura pop. Isso
transparece numa proposta de misturar o moderno com o arcaico”.
O sobrenatural toma
conta da nova empreitada literária de Bruno Paulino Foto: Tarcísio Filho
Registro oral
O processo de compor a obra bebeu do desejo de não apenas
recuperar memórias da infância como de também valorizar o registro oral.
Enquanto escrevia o livro, Bruno conta que se sentiu como se fizesse uma
espécie de “transcrição” das narrativas do povo, levando em conta a consciência
que também não era um mero escrever. “Como dizem, quem conta um conto aumenta
um ponto”, brinca o autor.
Já quanto à percepção que alimenta sobre o recorte literário
na seara do horror nesses tempos que vivemos, ele diz que o nome que mais se
destaca nesse aspecto, no Brasil, é André Vianco, com trabalho voltado para
vampiros. “Mas, me prendo mais no que toca ao fantástico regionalista, algo que
na literatura cearense ainda é bastante explorado, sobretudo no conto, que tem
uma tradição consolidada”.
Nesse sentido, a cada virar de páginas é perceptível o
esforço de Bruno em deixar com que tudo fique muito próximo do cenário
sertanejo, com descrição de residências arcaicas e vilarejos sinistros, por
exemplo. Tudo ganhando nova roupagem a partir de uma linguagem fluida e
objetiva, em que o sinistro toma conta a partir de sugestões sutis. Feito
louvável, que traduz o talento do autor ao construir, em poucas linhas,
atmosferas de pavor, e suscitar boas lembranças nos leitores quanto às
narrativas clássicas de horror.
“Já lancei o livro em Fortaleza, na I Feira de Literatura
Cearense, e também em outras cidades do Ceará com uma boa receptividade do
público, que me devolveu com algumas boas resenhas. Curiosamente, o único lugar
que não tinha lançado ainda era na minha cidade, Quixeramobim”. Bem, chegou a
hora. “Pequenos assombros”, aos poucos, vai ganhando o mundo.
Serviço
Valor do livro: R$ 30 (disponível para compra com o autor).
Contato: (88) 3441-1402.
FONTE: Diário do Nordeste:
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