PADRE CÍCERO, O SANTO DO POVO
Hoje o grande Cícero
completa 174 anos de vida pois ele vive na memória do Nordeste, ele pode ser
visto na cidade que ele criou na região que ele ajudou a ser uma das que mais
crescem no país. Um homem inteligente, à frente do seu tempo. Cícero Romão Batista (Crato, 24 de
março de 1844 — Juazeiro do Norte, 20 de julho de 1934) foi um sacerdote
católico brasileiro. Na devoção popular, é conhecido como Padre Cícero ou Padim
Ciço. Carismático, obteve grande prestígio e influência sobre a vida social,
política e religiosa do Ceará bem como do Nordeste.
Publiquei, pelas
Edições Demócrito Rocha, o livro “Padre Cícero: O Santo do povo”, que recebeu o
selo altamente recomendável da FNLIJ e figurou num catálogo internacional da
Feira de Bolonha, Itália.
TRECHOS DA OBRA
Eu vou narrar a
história
De um grande
brasileiro
Um cearense de fibra
Com fama de milagreiro
Patriarca do sertão
Padre Cícero Romão
O santo de Juazeiro.
É o pastor do romeiro
Nesse sertão
nordestino
Conduzir as multidões
Na terra foi seu
destino
Sempre mostrou vocação
Já gostava de oração
No seu tempo de
menino.
(...)
Com grande facilidade
Atraía as multidões
Que vinham diariamente
Dos mais longínquos
rincões
Alguns traziam
presentes
Outros traziam doentes
Para escutar seus
sermões.
Terminadas as orações
O padre distribuía
Com pobres e
maltrapilhos
Parte do que recebia
Praticando a caridade
A sua amada cidade
Rapidamente crescia.
(...)
Embora não seja santo
Perante a Cúria
Romana,
O povo diz que ele é,
E seu poder inda
emana.
Pois não é ditado
novo:
Dizem que a voz do
povo
É de Deus e não se
engana.
Romeiros chegam a pé
De carro ou de avião
No túmulo do Padre
Cícero
Fazem a sua oração
Visitam seu monumento
Pedindo a todo momento
Sua bênção e proteção.
Padre Cícero, foi sem
dúvida, um homem à frente do seu tempo quando ninguém se preocupava com o meio
ambiente, o Padre, já dava conselhos ao sertanejo para conviver em harmonia com
a natureza, preservando a fauna, a flora e o solo. O Padre-conselheiro também
orientava o povo no trabalho e na vida. Juazeiro do Norte, a cidade que ele
ajudou a construir, é hoje um dos grandes centros de romaria do Brasil,
recebendo todos os anos milhares de fiéis que vêm homenagear o Padre,
considerado santo pelo povo nordestino.
José Oswaldo ladeado pelas irmãs Maria do Socorro e Heliodória
PADIM CIÇO,
SEM FUTURO?
Há
bem poucos dias meu tio José Oswaldo completou 80 anos de idade. Continua
lúcido e na ativa, apesar de ter quase perdido a visão. Tio Zizó, como o chamam
a maioria dos sobrinhos, é baixinho, disposto e macho que só preá de balseiro.
Vovô costumava dizer a respeito do seu primogênito:
—
Aquele é inteirado. É homem sobrando. O que tem de pequeno tem de disposto. É
macho nos quatro aceiros!
E,
realmente, quando criança, eu ficava impressionado quando via o meu tio saindo
da capoeira, calçado num par de galochas, com um facão na cintura e um feixe de
capim na cabeça que era o dobro do seu tamanho. Quando os filhos – 10 ao todo
–, chegaram à idade escolar mudou-se com a prole para Canindé, onde montou um
bar e depois uma mercearia.
Certa
feita foi com a família ao Juazeiro do Norte e por lá adquiriu uma imagem do
Padre Cícero, de mais um menos 50 centímetros de altura, com a batina e o
chapéu de um preto vivo e brilhante, tendo de branco apenas o rosto e as mãos,
e a colocou na prateleira mais alta de sua bodega.
Certa
feita um crente chegou-se ao pé do balcão e começou a desfazer do sacerdote.
Primeiramente se fez de ingênuo e perguntou:
—
Seu Zé, aquilo acolá, em riba da última prateleira, é uma garrafa de Coca-Cola?
—
Largue de ser besta! Você não está vendo que é um Padre Cícero? — Respondeu o
meu tio, já perdendo as estribeiras... O crente poderia ter se calado com essa,
mas foi adiante. E balançando a cabeça, num ar de desalento acrescentou:
—
Padim Ciço! Sem futuro...
Titio
pulou o balcão num piscar de olhos, sem triscar os pés, agarrou o evangélico
pelas bitacas e gritou furioso:
—
Sem futuro o quê, seu corno. Sem futuro é a pobre de uma mãe que passa nove
meses com uma fela-da-gaita como você na barriga! Vá passando, se não quiser
levar uns tabefes agora mesmo!
Nem é preciso dizer que o crente se
escafedeu no ato e saiu vendendo azeite às canadas. Vai, bichão, falar mal do
Padre Cícero perto de um devoto.
(De “O livro
das Crônicas”)
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