HOJE, 15 de outubro, dia do PROFESSOR, lembrei-me desse singelo poema do mestre Alberto Porfírio, intitulado
IDÉIAS DE CABOCLO:
Ideias de Caboclo
Extraído
do Livro: "Poetas Populares e
Cantadores do Ceará", de Alberto Porfírio
O
professô dos menino
Fala,
fala chega estronda!
Querendo
qui eu acredite
Qui
a terra seja redonda.
Não,
senhor, num acredito
Nunca
pude acreditá
Qui
viva assim todo mundo
Andando
em cima duma bola
Sem
nunca iscorregá!
Vós
mincê preste atenção,
Um
monstro cuma é o trem!...
Se
a terra fosse redonda,
Iscorregava
tombém.
Ele
só diz qui a terra
Veve
solta no espaço
Rodando
num canto só
Sem
tê nada de embaraço.
Muvimenta...
muvimenta
E
nunca descansa um pedaço,
E
qui é as volta qui ela dá
Qui
serve pra controlá
A
frieza e o mormaço.
Num
acredito!... não! não!
Qué
sabê cuma é a terra
Na
minha maginação?
É
um prato feito de barro
Mal
feito mais bem grandão!
Emborcado
em riba d’água
N’uma
firme pusição,
Cum
a gente morando in riba
Cum
toda satisfação.
Vou
prová cuma é mermo
Vou
dá toda a insplicação:
Quando
Deus fez este mundo
Mandou
a terra secá,
Mandou
se juntá as água
E
foi assim qui fez os má.
E
se a terra fosse doida
Rodando
pra se acabá,
Tinha
derramado as água
E
era até pirigoso
O
próprio Deus se afogá.
Tá
certo ou num tá?!
Os
home religioso
Gostun
de dizê a gente
Qui
tem um tal de inferno
De
fogo qui é munto quente
Qui
vai pra dentro desse fogo
As
alma dessas pessoa
Qui
num vão munto decente
Desses
home priguiçoso
Qui
num quere trabaiá;
Dessas
muié vaidosa
Qui
usun as roupa curta
Qui
é do juêio pra lá;
Qui
usun outras safadage
Fazendo
a gente pecá
Dispois
tudo morre
Vai
morá nesse lugá
Debaixo
desse arguidá.
Agora
eu aviso os home
Qui
pras muié são ingrato
Tombém
aviso as muié
Qui
andun de ponta-de-pé
Mode
os sarto do sapato;
Dão
zunhada e esconde as unha
Fazendo
a moda de gato
Se
morrê nesses pecado
Vão
pra debaixo do prato!...
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