Moraes na Bienal do Livro de SP, lançando
A história dos Novos Baianos em Cordel, pela Editora IMEPH
Morre aos 72 anos cantor baiano
Moraes Moreira
Moraes era membro da
Academia Brasileira de Literatura de Cordel – ABLC. Ele estava na casa no Rio
de Janeiro e faleceu durante o sono
O cantor baiano Moraes Moreira
morreu nesta segunda-feira (13) no Rio de Janeiro. Segundo o Blog do Marrom, o
também cantor e compositor Paulinho Boca de Cantor confirmou a informação.
Muito emocionado, Paulinho mal conseguia falar e contou que ele faleceu durante
o sono.
A causa da morte de Moraes ainda
não foi informada. Também não há informação sobre quando e onde será o
sepultamento.
Fonte: Jornal CORREIO da Bahia
MORAES MOREIRA FEZ CORDEL SOBRE O CORONAVÍRUS
Quarentena (Moraes
Moreira)
Eu temo o coronavirus
E zelo por minha vida
Mas tenho medo de tiros
Também de bala perdida,
A nossa fé é vacina
O professor que me ensina
Será minha própria lida
Assombra-me a pandemia
Que agora domina o mundo
Mas tenho uma garantia
Não sou nenhum vagabundo,
Porque todo cidadão
Merece mas atenção
O sentimento é profundo
Eu não queria essa praga
Que não é mais do Egito
Não quero que ela traga
O mal que sempre eu evito,
Os males não são eternos
Pois os recursos modernos
Estão aí, acredito
De quem será esse lucro
Ou mesmo a teoria?
Detesto falar de estrupo
Eu gosto é de poesia,
Mas creio na consciência
E digo não a todo dia
Eu tenho medo do excesso
Que seja em qualquer sentido
Mas também do retrocesso
Que por aí escondido,
As vezes é o que notamos
Passar o que já passamos
Jamais será esquecido
Até aceito a polícia
Mas quando muda de letra
E se transforma em milícia
Odeio essa mutreta,
Pra combater o que alarma
Só tenho mesmo uma arma
Que é a minha caneta
Com tanta coisa inda cismo….
Estão na ordem do dia
Eu digo não ao machismo
Também a misoginia,
Tem outros que eu não aceito
É o tal do preconceito
E as sombras da hipocrisia
As coisas já forem postas
Mas prevalecem os relés
Queremos sim ter respostas
Sobre as nossas Marielles,
Em meio a um mundo efêmero
Não é só questão de gênero
Nem de homens ou mulheres
O que vale é o ser humano
E sua dignidade
Vivemos num mundo insano
Queremos mais liberdade,
Pra que tudo isso mude
Certeza, ninguém se ilude
Não tem tempo,nem idade
* * *
Moraes Moreira: 'O cordel me deu um
ritmo maravilhoso'
"O cordel me deu
um ritmo maravilhoso. Comecei a gostar da brincadeira e passei a exercitar a
mente, já que você tem que ser rápido para fazer cordel. Uma pessoa fala uma
frase e já começo a contar sílaba. Vira uma loucura”
. Moraes Moreira, membro da Academia
Brasileira de Literatura de Cordel
Moraes Moreira é músico, mas também acadêmico. Ocupante da
cadeira de número 38 da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com sede
no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, o baiano de 71 anos acabou de dar
sua maior contribuição à manifestação literária da cultura popular nordestina.
Lançado nesta semana, Ser Tão (selo Discobertas), novo álbum
de Moraes, reúne nove músicas inéditas. Todas compostas em formato de cordel.
“Tem uma história que aconteceu comigo e o Xangai no aeroporto. Ele estava lá e
um cara chegou e falo: ‘Olha o cantor Xangai’. Ele respondeu: ‘Cantor não,
cantador.’ Fiquei reparando naquilo até que, um dia, encontrei novamente com o
Xangai e disse que estava fazendo minha passagem de cantor para cantador”,
conta Moraes.
A vertente cantador de Moraes Moreira tem convivido muito bem
com a de cantor. Hoje, ele retorna a Belo Horizonte para, ao lado dos
companheiros Baby do Brasil, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz
Galvão, fazer o show do DVD Acabou chorare – Novos Baianos se encontram.
A apresentação será no KM de Vantagens Hall, mesmo espaço que
recebeu o grupo em setembro de 2016 – na época, o histórico combo setentista
dava início a uma turnê retrospectiva. A reunião deu tão certo que eles
continuam na ativa.
Ser Tão teve gestação longa. Moraes é o
irmão mais novo de José Walter Pires, o cordelista Zewalter. Sempre interessado
nas métricas do cordel, Moraes publicou, em 2009, o livro A história dos Novos
Baianos em formato de cordel. “São 161 estrofes e 966 versos”, comenta. Em
2016, houve outro livro, Poeta não tem idade, com 70 cordéis, um inclusive
sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Já apaixonado pela produção, foi convidado pela ABLC para se
tornar seu integrante. “Quando o presidente me chamou, falei: ‘Vocês vão querer
um cabeludo na academia?’ Ele disse que eu estava no ponto, e a coisa
esquentou”, relembra Moraes. Ele, que tem como padrinho na ABLC o poeta
paraibano Manoel Monteiro, começou a intensificar a produção, até chegar aos
cordéis musicados. As primeiras gravações são de 2012.
DOIS MUNDOS
O material que redundou em Ser Tão é bem diverso. Moraes
coproduziu o trabalho com Alexandre Meu Rei, que ainda toca cordas (viola,
guitarra, violão) na maior parte das músicas. O álbum é aberto por Sambadô/Deixa
o pé no chão. Os versos fazem menção aos dois “mundos” do músico: o do
cancionista, com o samba, e o do cantador, e também a diferentes momentos e
autores da música brasileira: “O nosso pioneirismo/É verdadeiro e não tarda/Da
bossa ao tropicalismo/O nosso afã de vanguarda/Caymmi é um caso à parte/Acordes
Gilbertianos/Na vida fazendo arte/Velhos e novos baianos.”
I am the captain of my soul é um cordel em inglês, com versos
inspirados no poema vitoriano Invictus, do britânico William Ernest. Já O
nordestino do século é dedicado a Luiz Gonzaga. Moraes escreveu a música ao
saber do reconhecimento que o Rei do Baião havia recebido da prefeitura do
Recife em 2012.
Música e versos são de autoria de Moraes, que só dividiu uma
das faixas: Nas paradas, parceria com o conterrâneo Armadinho. “Sou do sertão
da Bahia, da Chapada Diamantina (ele nasceu no município de Ituaçu). Para este
disco, me inspirei muito no tempo do sertão. Foi uma volta às raízes, à vida de
menino com a banda de músico, os violeiros e sanfoneiros da minha cidade”, diz.
Compor com métrica, de acordo com Moraes, acabou se tornando
uma mania. “O cordel me deu um ritmo maravilhoso. Comecei a gostar da
brincadeira e passei a exercitar a mente, já que você tem que ser rápido para
fazer cordel. Uma pessoa fala uma frase e já começo a contar sílaba. Vira uma
loucura.” Para ele, há muita diferença entre o cantor e o cantador. “O primeiro
tem a coisa glamourosa do show. Já o cantador fala de suas raízes, da cultura
popular. Agora estou indo mais por aí”, afirma.
O trabalho recém-saído do forno já vai ganhar os palcos. Ser
Tão estreia no Teatro Ginástico, no Rio, em 22 deste mês.
GRUPO PLANEJA DISCO DE INÉDITAS
“Te confesso que no começo fui meio resistente”, assume hoje
Moraes Moreira sobre o retorno dos Novos Baianos. Em maio de 2016, quase 20
anos depois de lançar seu último disco, Infinito circular, Baby do Brasil,
Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor, Luiz Galvão e Moraes se reuniram na
Concha Acústica, em Salvador, para um show da icônica trupe setentista.
A reunião deu tão certo que eles deram início a uma turnê,
que rendeu um CD/DVD e segue até hoje. Na próxima quarta-feira, os Novos
Baianos irão ao Theatro Municipal, no Rio, como concorrentes do Prêmio da
Música Brasileira. Por Acabou chorare – Novos Baianos se encontram, o grupo
concorre em duas categorias: melhor álbum e melhor grupo de pop/rock. Moraes e
Pepeu produziram o trabalho.
“Depois que vi a coisa andando, deu vontade de continuar”,
conta Moraes. Ele afirma que o show está “mais maduro”, depois de ter rodado
boa parte do país. A apresentação deste sábado (11) em BH, segundo diz, seguirá
basicamente o mesmo roteiro que a de setembro de 2016. Agora tocando
principalmente para um novo público, que não conheceu os Novos Baianos em sua
primeira fase, a banda continua apresentando uma sonoridade que cativou os fãs
décadas atrás – mistura vibrante e alegre de samba, rock e bossa nova.
Os Novos Baianos são autores de alguns clássicos da música
brasileira: Acabou chorare, Preta pretinha, Tinindo trincando, A menina dança e
Ladeira da praça. “Vamos continuar com a turnê, mas, daqui a pouco, daremos uma
parada. A ideia é lançar, daqui a um ano e meio, pela Som Livre, um novo
disco”, conta Moraes. O próximo registro será só de inéditas.
FONTE: www.uai.com.br
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