domingo, 8 de abril de 2018

NO TEMPO DO MEU AVÔ




PATO, PERU E GALINHA

Essa era meu avô Mané Lima quem contava. O sujeito se arranchou na casa de um compadre e, por tratar-se de pessoa distinta, era muito bem tratado, rede boa, de varandas, mesa farta, sombra e água fresca. Só que esqueceu de ir embora e sua presença tornou-se incômoda. A velha, que era astuciosa, combinou uma estratégia com o marido. No outro dia, disse à visita:
- Ora, compadre, meu velho agora deu para falar durante o sono. Toda noite ele se levanta dormindo e sai falando pelo meio da casa.
O sujeito retardou o sono e ficou prestando atenção. Daí a pouco o velho levantou-se, fingindo sonambulismo e começou a cantar esses versos:

“Quem tiver na casa alheia
Vá logo se ‘arretirando’
Pato, peru e galinha,
Tá tudo se acabando.

De manhã a velha perguntou:
- Então compadre, ouviu a conversa do velho essa noite?
E o compadre, respondeu, cínico:
- Ouvi, mas não dei importância. Tá vendo que meu compadre não ia dizer uma coisa daquelas comigo...
E ficou mais uma semana, comendo do bom e do melhor.

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