A apresentação da palestra "A GUERRA DE CANUDOS NA LITERATURA DE CORDEL" foi uma noite memorável, com público atento e interagindo em todos os momentos na biblioteca do Centro Cultural BNB de Sousa-PB. Vejam algumas fotos do evento:
Fatos marcantes da vida do poeta paraibano João Melchíades Ferreira da Silva, autor do primeiro folheto publicado sobre a GUERRA DE CANUDOS foram divulgados em ordem cronológica:
CRONOLOGIA
1869 – Nasce João Melchíades
Ferreira da Silva, a 7 de setembro.
Na infância (década de 1870)
frequenta uma escola mantida por seu avô materno, o beato Antônio Simão,
seguidor do padre Ibiapina. O que liam os antigos poetas de cordel? Eis o que
diz Márcia Abreu, numa tese intitulada “Pobres Leitores”:
Freqüentar escolas não parece ser
requisito fundamental para o sucesso na vida de poeta. Entretanto, é necessário
entrar em contato com alguns dos conteúdos da tradição letrada. A formação para
cantador ou para autor de folhetos passa pela leitura de alguns livros, como a Bíblia,
o Lunário Perpétuo, História de Carlos Magno, geografias e histórias do Brasil,
alguns romances eruditos, além da indispensável leitura de folhetos de cordel.
Diz Manuel Camilo: Eu já sabia ler quando comecei a cantar, graças a Deus. Mas
achei pouco. Me preparei mais... A Geografia, as Ciências Físicas, a língua
materna, a Bíblia. A Bíblia, então, é um livro que, Deus que me perdoe, não tem
igual no mundo. Se todo brasileiro soubesse a Bíblia de cor, a gente nem
precisava escrever...
Seca de 1877 – 1879 – O menino
João Melchíades é raptado da porta de sua casa por um grupo de Ciganos, que
acompanha durante um certo período. A mãe (Dona Neném Melchíades) consegue
tomá-lo de volta, tempos depois.
13 de abril de 1885 – Nasce José
Camelo de Melo Resende. José Camelo chegou a cantar em dupla com João
Melchíades na década de 1920, conforme atesta Antônio Ferreira da Cruz no
folheto onde apresentou o necrológio do Cantor da Borborema.
1889 – O poeta paraibano Leandro
Gomes de Barros começa a escrever e publicar seus folhetos. É considerado o pai
da Literatura de Cordel.
1896 – 1897 – João Melchíades,
integrante das Forças Armadas, é convocado para combater na Guerra de Canudos,
onde quase perdeu a vida. Após a guerra, foi promovido a Sargento-Mor e recebeu
elogios e condecorações de seus superiores.
1903 – João Melchíades é
designado para combater na fronteira do Acre com a Bolívia, onde contraiu a
febre “Béri-béri”, que quase o vitimou.
1904 – Segundo o pesquisador
baiano José Calasans, foi neste ano que Melchíades resolveu publicar suas
memórias em cordel sobre A guerra de Canudos.
1923 ou 24 – Sai a primeira
edição impressa do folheto “O pavão misterioso”, assinada por João
Melchíades Ferreira da Silva. Antes de Melchíades publicar a sua versão, já circulava
um poema escrito anteriormente por José Camelo de Melo Resende, porém não havia
sido publicado, pois o autor utilizava-o somente para cantá-la ao vivo, nas
suas apresentações. Tal polêmica, entretanto, só veio à tona após a morte do
Cantor da Borborema.
10/12/1933 – Morre o poeta João
Melchíades. Conforme o poeta Antônio Ferreira da Cruz, que escreveu o seu necrológio, o que agravou seu estado de saúde foi a queda de um cavalo, ocorrida dias antes de sua morte.
Década de 1940 – Anos depois da
morte do Cantor da Borborema, circula uma versão do folheto EVANGELISTA E
CREUSA, HISTÓRIA DO PAVÃO MISTERIOSO, com 40 páginas, assinado por José Camelo
de Melo Rezende, que começa com um protesto, onde Camelo acusa João Melchíades
de plagiar a sua obra.
Por: ARIEVALDO VIANNA
(Só reproduzir citando a fonte, com a devida autorização)
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