segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Leandro ou Athayde?


O REINO DA PEDRA FINA 

e a HISTÓRIA DA PRINCESA 

DA PEDRA FINA

Por: Marco Haurélio (Cordel Atemporal)



Acervo da Casa de Rui Barbosa.


Pouca gente, mesmo no meio do cordel, conhece estes versos, de Leandro Gomes de Barros:

É esta a real história
Do Reino da Pedra Fina,
Do moço Moysaniel
E da princesa Angeltrina,
Filha do reino encantado
Da tenebrosa colina.

Havia um grande país
De nação civilizada,
Aonde tinha uma serra
De grandes pedras formada.
Diziam que lá havia
Uma princesa encantada.

A serra era muito alta,
Tinha uma grande colina.
Da serra descia um rio
D’água muito cristalina.
Via-se escrito nas águas:
PRINCESA DA PEDRA FINA.

NOTAS:
1. Circula por aí, ainda hoje, atribuída erroneamente a Leandro Gomes de Barros, a versão mais conhecida dessa história que tem por base um conto maravilhoso. O romance iniciado com estes versos “No reino da Pedra Fina/ Havia uma princesa/ Misteriosa, encantada/ Por obra da natureza,/ Com ela as duas irmãs/ Que eram a flor da beleza.", aqui representada por uma antiga edição da Guajarina, de Belém (PA), nunca foi de Leandro, como dá a entender o famoso rapsodo nos dois primeiros versos acima reproduzidos: “É esta a REAL história/ Do Reino da Pedra Fina (....)”. A versão em que o protagonista é chamado José e o antagonista é um barbeiro, sombra do herói, nas antigas edições, jamais teve, que se saiba, um autor identificado.
2. O saudoso cordelista João Firmino Cabral (1940-2016) me disse, em conversa informal, que, quando criança, ouvia  dos mais velhos a afirmação de que se tratava de um dos mais antigos romances de Silvino Pirauá.
3. Na década de 1970, as filhas de José Bernardo da Silva passaram a publicá-la em nome de Leandro, incorrendo num erro que, desde então, vem sendo repisado.
4. A editora Prelúdio de São Paulo publicou, na década de 1950, uma variante de Manoel Pereira Sobrinho, amparada na versão de Leandro. Por engano, a capa desta edição foi reutilizada, no início dos anos 2000 na versão mais conhecida, aumentando ainda mais a confusão.

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