quarta-feira, 31 de julho de 2019

CENTENÁRIO DE JACKSON DO PANDEIRO



Jô Oliveira produz imagens em homenagem a Jackson do Pandeiro

As imagens são para as celebrações dos 100 anos de um dos ícones da música brasileira

SF Severino Francisco

Neste 2019, o estado da Paraíba celebra, estuda, pesquisa, analisa, canta, dança, recria e respira Jackson do Pandeiro. O ano foi escolhido para ser tema central de uma série de comemorações conectadas com o sistema de educação. Não se trata de uma sessão naftalina. Jackson não é apresentado na condição apenas de representante da tradição; ele é reapresentado na singularidade de artista moderno, que misturava samba com rock, coco com samba, jazz com coco, chiclete com banana. É Jackson do Pandeiro pop.

E Brasília, onde Jackson do Pandeiro morreu em 10 julho de 1982,  entrou na conexão com o artista gráfico pernambucano/brasiliense Jô Oliveira. Ele fez uma série de cartazes e ilustrações sobre o cantor paraibano para uma megaexposição, sob a curadoria de Fernando Moura (biógrafo do cantor), Joseilda Diniz e Chico Pereira, no chamado Museu dos Três Pandeiros, desenhado por Oscar Niemeyer, em Campina Grande (PB).

As imagens de Jô são usadas como uma espécie de logomarca do evento: “A minha ligação com a música de Jackson do Pandeiro e de Luiz Gonzaga vem desde os tempos de criança”, explica Jô. “Para mim, foram eles que deram a grande revelação de uma imagem do Nordeste. Só havia a imagem de miséria e seca. Embora fizessem música, as canções deles tinham uma narrativa visual. Foram determinantes para que eu escolhesse um caminho popular”.

Jô lembra que ia ao cinema para trocar gibis e ver seriados norte-americanos. Ao mesmo tempo, o Nordeste se materializou também nos bonecos de Vitalino e nas xilogravuras do cordel. O cinema brasileiro ainda não havia abordado o cangaço: “A única informação que tínhamos vinha do rádio. Então, por isso, a música de Jackson foi tão importante para mim”.

Nos cartazes e nas ilustrações que criou para representar Jackson do Pandeiro, Jô incorporou as cores, os traços e os signos da cultura nordestina. Estão impregnados de uma psicodelia popular das festas e dos folguedos de rua: “Eu ilustrei muitos livros de clássicos de Shakespeare, dos Irmãos Grimm ou de Lewis Carroll. Levei algum tempo para compreender que tinham uma conexão forte com a cultura nordestina. Nos tempos de criança, eu achava que Branca de Neve era uma história que acontecia do outro lado da serra perto de onde eu morava. O conto popular se veste com roupa local. Então, tento colocar tudo isso nas imagens do Jackson do Pandeiro”.


Jô Oliveira e Arievaldo Vianna, parceiros em vários trabalhos


Estímulo

Jô foi convidado a participar do projeto pela professora Joseilda Diniz, uma das curadoras de uma grande exposição em cartaz no Museu dos Três Pandeiros (há também um memorial, em Alagoa Grande, com objetos e imagens do filho mais famoso da região). Ela estimulou Jô a compor a figura de Jackson com traços da cultura pop da década de 1960, aliado aos elementos da cultura popular nordestina.

Em uma delas, Jackson toca o globo terrestre como se fosse um pandeiro. O paraibano era um cidadão do mundo pela cultura. O museu fez um mapeamento de toda a produção em cordel e xilogravura sobre Jackson do Pandeiro. Além disso, encomendou aos artistas novas produções sobre o rei do ritmo: “O próprio Jô Oliveira se debruçou sobre esse imaginário”, comenta Joseilda. “Reeditamos folhetos e fizemos editais para a criação de folhetos inéditos sobre Jackson. A Secretaria de Educação do estado estabeleceu como atividade obrigatória o ensino da obra de Jackson do Pandeiro por meio de festivais, palestras e visitas a museus”.

Fonte: Correio Braziliense




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