Adeus a Antonio da Mulatinha.
Agricultor, tocador de pandeiro, vendedor de cordel
Por: Ney Vital
Chorei! A morte esta danada "Caetana" sempre me faz
chorar!
Chorei pela falta do último abraço, a distância não permitiu:
resta a lembrança do cantador, embolador Antonio da Mulatinha.
Nascido no municipio de Esperança-Paraíba, Antonio Patrício
aos 22 de outubro de 1927, irmão do também genial Dedé da Mulatinha (José
Patrício) e outros nove irmãos.
O motivo do sentimento é que durante quase 10 anos
frenquentava a feira de Campina Grande, Paraíba e lá ainda jovem eu encontrava
o vendedor de cordel Antonio da Mulatinha. Com ele aprendi os mais bonitos pensamentos,
palavras e ações a favor da cultura brasileira.
Antonio da Mulatinha aprendeu apenas as primeiras letras do
ABC. No entanto, estas lhe foram suficientes para ganhar o mundo e a fama, e em
especial, a cultura.
Começou a cantar coco em 1940 e em 45 já publicava seu
primeiro cordel: “A Viagem Sagrada”, seguindo-se outros oitenta e tantos
títulos.
Campina Grande foi o lugar escolhido para viver, o bairro de
Santo Antonio. Gravou dezenas de disco vinil-Lps.
Pai de dez filhos. Realizou centenas de viagens pelo Brasil
afora com seu irmão Dedé. Em 2014,
Toinho da Mulatinha com então 89 anos foi homenageado pelo Museu de Arte
Popular (MAPP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), pelos seus mais de
60 anos de atuação na cultura, como cordelista e embolador de coco. No dia do
evento, Toinho falou sobre sua vida e trabalho artístico.
Os seus versos, por muitos já fora elogiado. Eis aqui um
pequeno exemplo da sua versatilidade:
“Em Sodoma tão falada/
Passei uma hora só/
Lá vi a mulher de Ló/
Numa pedra transformada/
Dei uma talagada/
Com caldo de mocotó/
E saí batendo o pó/
Adiante vi Simeão/
Tomando café com pão/
Na barraca de Jacó”.
São da autoria de Antonio da Mulatinha os seguintes títulos:
Morte de Rosil Cavalcanti, Almanaque pernambucano brasileiro para o ano de
1957, Campina Grande, a viola e as belezas do nordeste, O casamento de Bernardo
com Maria do Saguím ou o rapaz que casou-se e correu com medo da mulher, A
Paixão de Cristo, As missões de Frei Damião em Bom Jardim e a tempestade em
Limoeiro, As missões de Frei Damião em Soledade e os castigos de um amancebado,
O povo chora com pena do frade Frei Damião, O desastre de ônibus que atropelou
uma procissão e matou vinte e três pessoas em Currais Novos, A História do
desastre da Lagoa do Parque Solon de Lucena em João Pessoa, entre outros.
Abraço meu amigo...deixaste este vale de sofrimentos!
Fonte: http://www.neyvital.com.br
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