Desenho de Jô Oliveira, estrofe de Marco Haurélio
HOMENAGEM AO
ANIVERSARIANTE
PAULO NUNES
BATISTA, O DECANO
DA
LITERATURA DE CORDEL
Escrevi esta singela homenagem ao poeta Paulo Nunes Batista em 2011. Nesse 02 de agosto de 2018, esse mestre do cordel completa 94 anos de idade.
(Arievaldo Vianna)
É uma justa homenagem
Para um renomado
artista
Escritor de nomeada
Inspirado cordelista
Lenda viva da poesia
O Paulo Nunes Batista.
Filho de Chagas
Batista
Um famoso menestrel,
No universo das letras
Desempenha o seu papel
Levando sempre adiante
A bandeira do cordel.
É autor de vários
livros
E centenas de folhetos
E compõe, com maestria
Acrósticos, glosas,
sonetos
Transborda filosofia
Até mesmo em poemetos.
Um literato de fibra
Sob meu ponto de vista,
Espírito humanitário
Quem tem saber
altruísta
Parabéns à Biblioteca
E ao Paulo Nunes
Batista.
Ficou órfão muito cedo
Mas venceu este
empecilho
Estava predestinado
A ser poeta de brilho
Quando criança ajudava
Manoel D’Almeida
Filho.
Descende de um velho
tronco
Da fina-flor
repentista
Do qual brotaram
Hugolino
E Agostinho Batista;*
Seu mano, o Sebastião
Também foi bom
cordelista.
* Hugolino do Sabugi e
Agostinho Nunes da Costa são ancestrais de Paulo Nunes Batista. Do grande poeta
Agostinho Nunes da Costa (1797 – 1858), seu bisavô, ficou registrada essa bela
estrofe onde fica evidente o desejo de liberdade que sempre alimentou essa
família de poetas:
Nasci livre, Deus louvado
E até sem medo fui feito
Porque meu pai, com efeito,
Com minha mãe foi casado;
Também nunca fui pisado
Como terra ou capim
E se alguém pensar assim
É engano verdadeiro:
Olhe para si primeiro
Quem quiser falar de mim.
Voltemos ao Paulo
Nunes, nosso homenageado:
Ainda na Era Vargas
Enfrentou a Ditadura
Ingressou no Partidão
Com alma sincera e
pura
A arma que mais usou
Foi sua literatura.
Viveu no Rio de
Janeiro
Aonde foi estudante
Porém a mão do destino
O lançou na vida
errante
Até que chega em Goiás
Do seu Nordeste
distante.
Comunista e agnóstico
E nesta louca ciranda
Paulo Nunes vai um dia
Num terreiro de
Umbanda
Sua vida, nesse
instante,
Recebe outra demanda.
Uma surra dos
“caboclos”
Naquele dia levou
E por ver a coisa
séria
Naquela seita
ingressou
Mais tarde, o
Espiritismo
De Allan Kardec abraçou.
Sobre seu ingresso na
Umbanda e suas convicções políticas, assim se expressou o poeta:
Inimigo de tiranos
Tenho horror à
hipocrisia
Para festejar a Vida
Troco a noite pelo
dia.
O caboclo “Cachoeira”
É – nas Umbandas – meu
guia...
O certo é que Paulo
Nunes
Não levou a vida a
esmo
Nem esqueceu o
Nordeste,
Da rapadura e
torresmo,
Vejamos umas estrofes
Do ABC para mim mesmo:
“Operário da caneta,
Já vivi só de
escrever.
Poeta de profissão
Em Goiás pude viver
Dos folhetos que
escrevia
Para nas praças
vender.
Trovador: escrevo
trovas,
Sonetos, sambas,
canções,
Contos rimados,
poemas,
Num mar de
improvisações,
Tenho setenta folhetos
Com diversas edições.
Versejador, viajante,
Das estrelas do
Repente:
Abro a boca, o verso
nasce,
Como nasce água
corrente,
Tenho feito
alexandrinos
Em três minutos
somente...”
O certo é que Paulo
Nunes
É bamba na poesia
Em 2000 ele ingressou
Na goiana Academia
De Letras e se orgulha
Desse luminoso dia.
ILUSTRAÇÃO: Jô Oliveira
Paulo Nunes Batista
(02/08/1924)
Do site: https://memoriasdapoesiapopular.wordpress.com
Paulo Nunes Batista,
nascido dia 02 de agosto de 1924, capital do Estado da Paraiba, ou seja,
Parahyba do Norte, que posterior a revolução de 1930 e após a morte de João
Pessoa, passando a chamar-se João Pessoa. O poeta já nasceu circundado por
intelectuais e cordelista. Conforme Haurélio, seu pai, Francisco das Chagas
Batista era cordelista, apoiado pelo blog da Casa Rui Barbosa que acrescenta a
atividade de folclorista e o nome da genitora do poeta Hugolina Nunes Batista.
Alem de cordelista, escritor, contista é advogado e jornalista.
Pelas suas posições
ideias políticas Santana e Oliveira narra, que: “Na década de 1930, foi preso
em diversas cidades brasileiras, pela sua participação e envolvimento com o
Partido Comunista.” Embora se tenha conhecimento do fato e se dizendo comunista
Nunes jamais se agregou oficialmente a qualquer legenda política.
No entanto, com
relação as suas atividades intelectuais e culturais, faz parte de algumas
instituições, ocupando a cadeira de número 8 na
qual foi empossado em 31 de agosto de 2000 diz Santana e Oliveira. Publicou mais de 130
folhetos de cordel e 28 livros de contos e poemas grande número através da
Editora e Gráfica Franciscana, Petrolina, Ceará, 2007, desta forma, seus escritos estão presentes na
literatura brasileira.
Sua formação
intelectual teve inicio em João Pessoa onde estudou o primário e, em Goiânia
concluiu o curso de Madureza, “do curso de educação de jovens e adultos Após –
e também do exame final de aprovação do curso – que ministrava disciplinas dos
antigos ginásio e colegial, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(LDB), de 1961.” formou-se em Direito, na Faculdade de Direito de Anápolis, em
1977.
Em 1969, por concurso
público, ingressou no Fisco Estadual e trabalhou em diversas cidades goianas.
Hoje é aposentado.
Após morar em vários
estados do Nordeste Alagoas e Bahia, Sudoeste Rio de Janeiro e São Paulo e
Minas Gerais. Em 1947 fixou residência em Anápolis no estado de Goiás. Ali, em
1949, publicou o seu primeiro folheto de cordel pela Tipografia do jornal A
luta. De acordo com Haurélio, “Seus textos poéticos foram traduzidos até para o
japonês”.
Ainda com relação a
publicação da sua obra, Santana e
Oliveira firmam que: “Suas obras foram traduzidas para o inglês, espanhol, italiano, esperanto e
braille.”
“Escreveu e editou
dezenas de livros, sendo, no cordel, o ABC a modalidade que mais abraçou”
garante Aurélio. O blog da casa de Rui Barbosa relata que: “Outra
característica do poeta são os folhetos de utilidade pública voltados para o
esclarecimento da população”. Para Altimar de Alencar Pimentel citado por
Antônio Miranda em seu blog, acrescenta:
[…] é esse lirismo, expressão maior do seu amor ao próximo, às coisas, à vida,
o ponto mais alto da poesia de Paulo Nunes Batista, onde ele se despoja de
compromissos ideológicos, para permitir que o poema surja pleno, límpido,
cristalino”, a exemplo do poema Velhas Praias, dedicado a Francisco Miguel de
Moura:
Ó minhas lavas praias nordestinas,
enfeitadas com velas de jangadas,
que, sobre o mar, vão leves, enfunadas
ao vento bom das ilusões meninas.
Praias perdidas na longíngua infância,
mas que retornam na sutil fragancia,
no adeus dos coqueirais, que o ser me invade…
Praias de brisas mansas soluçando…
Os olhos do Menino marejando…
E o coração chorando de saudades…
Atuou “também como
professor lecionando a língua portuguesa no Colégio Comercial daquela cidade em
1950”.
Leitores eu vou contar
A vida de Bico Doce
Sujeito mais sabido
Que neste mundo encontrou-se
O próprio Cancão de Fogo
Com ele um dia embrulhou-se.
Zé Bico Doce nasceu
Disse-me quem assistiu
Antes do tempo esperado
Para o mundo ele existiu;
Nasceu andando e falando
Coisa que nunca existiu
FONTES CONSULTADAS
BATISTA, Paulo Nunes. Disponível em:
<http://academiagoianadeletras.org/membro/paulo-nunes-batista/>. Acesso
em: 28 out. 2014.
BATISTA, Paulo Nunes. Sonetos
seletos. Petrolina, PE: Franciscana, 2005. 100 p.
PERFIS biográficos. Paulo Nunes
Batista. Disponível em:
<www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/janela_perfis.html>. Acesso em: 28 out.
2014.
CORDEL Atemporal. BATISTA, Paulo
Nunes. In: DICIONÁRIO básico de autores de Cordel. Disponível em:
<http://marcohaurelio.blogspot.com.br/2011/06/dicionario-basico-de-autores-de-cordel.html>.
Acesso em: 20 out. 2014.
MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Madureza”
(verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira: EducaBrasil. São
Paulo: Midiamix Editora, 2002. Disponível em:
<http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/ dicionario.asp?id=293>.
Acesso em: 28 nov. 2014.
MIRANDA, Antonio. Paulo Nunes
Batista. In: POESIAS dos Brasis. Disponível em: <http://www.antoniomiranda.
com.br/poesia_brasis/goias/paulo_nunes_batista.html>. Acesso em: 10 out.
2014.
SANTANA Ana Elisa; OLIVEIRA, Noelle.
Cordelista e escritor, Paulo Nunes Batista fala de seus mais de 28 livros
publicados. Disponível em: <http://www.ebc.com.br/
cultura/2014/04/cordelista-e-escritor-paulo-nunes-batista-fala-de-seus-mais-de-28-livros-publicados>.
Acesso em: 20 out. 2014.
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