O "FRUTO PROIBIDO"
DE HUMBERTO DE CAMPOS
Em
2011 foi lançado o livro A Maçã - Objeto
de Desejo, da designer Aline Haluch. Trata-se de uma pesquisa de mestrado
sobre a revista ilustrada editada por Humberto de Campos entre 1922 e 1928 –
sob a ótica do design, fazendo uma análise gráfica e discutindo vários
desdobramentos resultantes da pesquisa, como as mudanças de comportamento no
início do século 20 e as representações da mulher. A revista tem um projeto
gráfico arrojado e era uma publicação “galante” – destinada ao público
masculino.
Segundo
a autora, Humberto de Campos, já consagrado e membro da ABL, foi muito
criticado pelos colegas mais conservadores por suas anedotas picantes
publicadas na revista sob o pseudônimo de Conselheiro X.X.
A
princípio, Humberto negava ser o Conselheiro e até publicava a foto de um velho
de 71 anos de idade (o dobro da sua) como sendo do Conselheiro X.X. Depois
essas anedotas foram reunidas em livros, gerando uma série de mais de 10
volumes, dentre os quais destacam-se: Grãos
de Mostarda, Seara de Booz, Brasil Anedótico, A funda de Davi, Bacia de
Pilatos, dentre outros. O Conselheiro chegou a ser chamado por Luís da
Câmara Cascudo de “Boccacio decrépito, acendendo coivaras de volúpia no
espírito sôfrego das mulheres”. Por artes dos pecados, depois da sua morte
apareceu o IRMÃO X, suposto espírito de HC psicografado por Chico Xavier, que
ainda hoje dá o que falar.
Recebi
ontem o meu exemplar de A MAÇÃ – edição luxuosa, em papel couchê, capa dura e
miolo colorido, editada pelo SENAC. Estou me deliciando com a leitura e,
principalmente, com as capas da publicação, bem ousadas para os anos 20 do
século passado. Em entrevista ao O GLOBO, a autora afirma o seguinte:
—
O Humberto de Campos falava da mulher, das melindrosas, das prostitutas, de
maneira positiva. Não tinha uma visão pejorativa dessas moças. Era algo
engraçado, ridicularizava os homens, que muitas vezes se tornavam escravos
delas. Não é o clichê do homem que ridicularizava a mulher. Campos invertia os
papéis sociais e contava histórias, por exemplo, de mulheres jovens casadas com
homens mais velhos, sendo que elas tinham amantes — diz Aline.
Segundo Aline Haluch, A Maçã revolucionou as artes gráficas brasileiras
Essa capa, ousadíssima para a época (1922)
causou escândalo até na Academia de Letras
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