Meu dileto amigo e parceiro JOTA BATISTA incumbiu-me da tarefa de escrever um par de orelhas para seu livro de estréia... A coisa se arrastou por meses e parece ter sido proposital, pois eu estava gostando das cobranças espirituosas e bem humoradas do nosso escritor. Depois de um ultimato, dado neste PRIMEIRO DE MAIO, eu não quis passar por preguiçoso no DIA DO TRABALHADOR e resolvi escrever as linhas que se seguem:
Dizia-se antigamente, quando a
coisa era rara de se ver, que era “mais difícil que orelha de freira!” O
multi-artista canindeense João Batista Azevedo dos Santos, o popularíssimo Jota
Batista, incumbiu-me de escrever as orelhas de seu livro de estréia e a empreitada
acabou se tornando mais difícil que o apêndice auricular de uma Carmelita
descalça. Jota Batista, com a paciência de um monge do Tibete não se deixou
abater e esperou pacientemente pela encomenda. Ficou com trauma de feijoada, só
para não ter que degustar as tais orelhas de porco e por conta disso abdicou
também da cachaça... Em matéria de poesia, fez barba, cabelo e bigode, mas
ficaram faltando as tais orelhas, encomendadas ao escriba que vos fala e relata.
Se anda pela rua distraído, com
seu inseparável violão a tira-colo ou mesmo conduzindo os originais de seu
livro, Jota Batista procura evitar aquelas esquinas onde ainda persistem os
indefectíveis orelhões das companhias telefônicas. E se alguém, ao referir-se
maldosamente a um colega, o chama de “minha orelha”, o Jota fatalmente recorda
a sua encomenda retardatária e procura mudar de assunto.
Quando algum animal perde a
cauda, costuma-se dizer que ficou cotó. Se perde uma orelha, fica tronxo e
assim por diante. Para o livro do meu colega não apresentar esse grave defeito,
debrucei-me sobre o teclado do computador nesta tarde-noite de primeiro de
maio, dia consagrado ao trabalhador, para mostrar que não sou tão preguiçoso
como alguém poderia imaginar e que, em matéria de orelhas alheias, eu puxo e
repuxo, tal e qual a cantiga da lagarta pintada.
Tenho pra mim que a essa altura
do campeonato, as orelhas do amigo Jota Batista já estão vermelhas e ardendo,
de tanto que tenho falado em seu nome, sem contudo alongar-me sobre a obra em
questão, motivo real da confecção deste par de orelhas. Trata-se de um livro
onde ele destila todo o seu apurado bom humor e fina ironia, tratando dos mais
variados assuntos. Garanto que todos que tiverem acesso a este livro irão lê-lo
de cabo a rabo, passando evidentemente pelas orelhas, porque a leitura é por
demais saborosa.
Vou parando por aqui porque acabo
de me lembrar que sobrou um resto da feijoada do almoço e provavelmente ainda
está boiando por lá alguma orelha, tira-gosto mais que apetecível num feriado
como este. Deleitem-se, portanto, com o livro do Jota Batista, que agora não
está mais tronxo.
Arievaldo Viana
Fez ontem, após um "log",
ResponderExcluirseu autor, cabra "bacano"
É orelha, não de abano
nem também de algum Van Gogh
Portanto, praga não rogue
Mas comemore essa peta
Tal qual geladeira preta
Não seja assim seu volume
O diagramador assume
investe até a lambreta.