A SAGA AVENTUROSA
DO CANTOR DA BORBOREMA
Desenho de Jô Oliveira
A função do verdadeiro pesquisador é percorrer mares nunca
dantes navegados. É garimpar em terrenos desconhecidos, tirar proveito do que
já foi colhido sem descuidar-se de acrescentar novidades ao assunto. Aquele
roçado onde muitos já colheram e outros encheram seus bornais com a cata alheia
não me interessa. Eu preciso trabalhar em capoeiras que ainda não foram
colhidas, porque outros a julgavam sem importância, insignificantes ou não
sabiam de sua existência. É justamente aí que aparecem as grandes surpresas, as
novas descobertas.
O
pesquisador José Calazans, ao escrever o estudo “CANUDOS NA LITERATURA DE
CORDEL” bebeu em fontes que não haviam sido pesquisadas pelo o autor de ‘Os
Sertões’ nem por outros estudiosos da vida de Antônio Conselheiro. Aliás, antes
dele Sílvio Romero já havia recolhido no seio da musa popular quadrinhas como
estas:
Do
céu veio uma luz
Que
Jesus Cristo mandou
Sant'Antonio
Aparecido
Dos
castigos nos livrou.
Quem
ouvir e não aprender
Quem
souber e não ensinar
No
dia do juízo
A
sua alma penará”.
Quando escrevi a biografia do poeta Leandro Gomes de Barros
esforcei-me para extrair o máximo de material inédito e acrescentar ao que já
havia sido pesquisado por Câmara Cascudo, Sebastião Nunes Batista, Ruth Brito
Lêmos Terra e outros pesquisadores de escol. Depois do livro publicado muitas
novidades vieram à tona, às vezes em terrenos já repisados, mas que não tinham
sido vasculhados com a devida atenção.
O pesquisador José Paulo Ribeiro, de Guarabira-PB, sabe bem
do que estou falando. Nosso
desafio agora é contar a vida de um poeta popular que foi combatente e
testemunha ocular da queda de Canudos. Trata-se do paraibano de Bananeiras João
Melchíades Ferreira da Silva, o “Cantor da Borborema”, nascido em 1869 e
falecido em 1933. Em suma, um poeta, um sertanejo e acima de tudo um forte.
Ao revisitar a história e a obra de João Melchíades desaguaremos, inevitavelmente, na história de outros poetas que foram seus discípulos ou contemporâneos, como Antônio Ferreira da Cruz, José Camelo de Melo Rezende, Joaquim Batista de Sena e Manoel Camilo dos Santos.
Vem aí, a “Saga Aventurosa do Cantor da Borborema”. Os tijolos e a argamassa já estão encostados, o terreno já foi limpo. Agora é começar a construir. AGUARDEM!
Num
folheto escrito após a guerra e publicado em 1904, após ser reformado como
Sargento do Exército Brasileiro, Melchíades publicou versos como estes
descrevendo a fuga atropelada do General Tamarindo, chefe interino da Terceira
Expedição, após a morte do “corta-cabeças” General Moreira César:
“Escapa,
escapa, soldado
Quem
tiver perna que corra
Quem
quiser ficar que fique
Quem
quiser morrer que morra,
Há
de viver duas vezes
Quem
sair desta gangorra.”
Ao revisitar a história e a obra de João Melchíades desaguaremos, inevitavelmente, na história de outros poetas que foram seus discípulos ou contemporâneos, como Antônio Ferreira da Cruz, José Camelo de Melo Rezende, Joaquim Batista de Sena e Manoel Camilo dos Santos.
Vem aí, a “Saga Aventurosa do Cantor da Borborema”. Os tijolos e a argamassa já estão encostados, o terreno já foi limpo. Agora é começar a construir. AGUARDEM!
PARA SABER MAIS:
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/caderno-3/coluna/sound-1.160/materia-1.1215774
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