quinta-feira, 10 de março de 2016

NOVA PESQUISA

A SAGA AVENTUROSA 
DO CANTOR DA BORBOREMA

Desenho de Jô Oliveira

A função do verdadeiro pesquisador é percorrer mares nunca dantes navegados. É garimpar em terrenos desconhecidos, tirar proveito do que já foi colhido sem descuidar-se de acrescentar novidades ao assunto. Aquele roçado onde muitos já colheram e outros encheram seus bornais com a cata alheia não me interessa. Eu preciso trabalhar em capoeiras que ainda não foram colhidas, porque outros a julgavam sem importância, insignificantes ou não sabiam de sua existência. É justamente aí que aparecem as grandes surpresas, as novas descobertas.
O pesquisador José Calazans, ao escrever o estudo “CANUDOS NA LITERATURA DE CORDEL” bebeu em fontes que não haviam sido pesquisadas pelo o autor de ‘Os Sertões’ nem por outros estudiosos da vida de Antônio Conselheiro. Aliás, antes dele Sílvio Romero já havia recolhido no seio da musa popular quadrinhas como estas:

Do céu veio uma luz
Que Jesus Cristo mandou
Sant'Antonio Aparecido
Dos castigos nos livrou.

Quem ouvir e não aprender
Quem souber e não ensinar
No dia do juízo

A sua alma penará”.

Quando escrevi a biografia do poeta Leandro Gomes de Barros esforcei-me para extrair o máximo de material inédito e acrescentar ao que já havia sido pesquisado por Câmara Cascudo, Sebastião Nunes Batista, Ruth Brito Lêmos Terra e outros pesquisadores de escol. Depois do livro publicado muitas novidades vieram à tona, às vezes em terrenos já repisados, mas que não tinham sido vasculhados com a devida atenção.




O pesquisador José Paulo Ribeiro, de Guarabira-PB, sabe bem do que estou falando. Nosso desafio agora é contar a vida de um poeta popular que foi combatente e testemunha ocular da queda de Canudos. Trata-se do paraibano de Bananeiras João Melchíades Ferreira da Silva, o “Cantor da Borborema”, nascido em 1869 e falecido em 1933. Em suma, um poeta, um sertanejo e acima de tudo um forte.  
Num folheto escrito após a guerra e publicado em 1904, após ser reformado como Sargento do Exército Brasileiro, Melchíades publicou versos como estes descrevendo a fuga atropelada do General Tamarindo, chefe interino da Terceira Expedição, após a morte do “corta-cabeças” General Moreira César:

“Escapa, escapa, soldado
Quem tiver perna que corra
Quem quiser ficar que fique
Quem quiser morrer que morra,
Há de viver duas vezes
Quem sair desta gangorra.”

Ao revisitar a história e a obra de João Melchíades desaguaremos, inevitavelmente, na história de outros poetas que foram seus discípulos ou contemporâneos, como Antônio Ferreira da Cruz, José Camelo de Melo Rezende, Joaquim Batista de Sena e Manoel Camilo dos Santos. 
Vem aí, a “Saga Aventurosa do Cantor da Borborema”. Os tijolos e a argamassa já estão encostados, o terreno já foi limpo. Agora é começar a construir. AGUARDEM!



PARA SABER MAIS: 
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/caderno-3/coluna/sound-1.160/materia-1.1215774



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